Fernando Molica

Glória Maria, com quem trabalhei no Fantástico, fazia com que o espectador se sentisse parceiro na descoberta/revelação dos assuntos. Nós, jornalistas, tendemos a passar uma imagem meio arrogante, de gato mestre, de conhecimento absoluto dos temas. Ela levava o público com ela, parecia pegar na mão de cada pessoa. Todos iriam, juntos, descobrir aquela história.

Outra característica – principalmente em reportagens mais antigas – era a sua não submissão, ela não se constrangia diante do poder. Era uma mulher negra que encarava e peitava homens brancos. Isso gerou muita identificação com um público que se sentia representado – e, mesmo, vingado – por ela.

Ser uma repórter importante na principal rede de televisão do país inspirou muita gente, como revelam os muitos depoimentos de colegas negros.  Glória Maria antecipou, entre nós, o Yes, I can, que seria verbalizado pelo Barack Obama.