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Elogios Biográficos


RIO DE JANEIRO _ O lançamento de mais uma leva de biografias ajuda a enriquecer a discussão sobre as formas de exercitar o gênero. Ao optar por uma espécie de abordagem jornalística de seu personagem, Ruy Castro, autor de “Estrela Solitária _Um Brasileiro Chamado Garrincha”, ofereceu uma visão ampla e plural do jogador do Botafogo.

A crônica por vezes cruel da decadência do ídolo está longe de macular a imagem do biografado: o relato dos dramas do alcoólatra acaba por ressaltar o talento do craque.

Duas outras biografias vão na direção oposta. “Geisel, do Tenente ao Presidente”, de Armando Falcão, e “Homenagem ao Pastor”, do monsenhor Raymundo Brasil, tratam de homens que emergem perfeitos das páginas: o ex-presidente Ernesto Geisel e o arcebispo do Rio, d. Eugenio Sales.

Em “Homenagem ao Pastor”, monsenhor Brasil até ameaça uma discussão ao detalhar o trabalho de d. Eugenio em prol da organização de trabalhadores rurais do Nordeste. Isso entre os anos 40 e 60.

Ao tratar da atuação do bispo a partir de sua chegada ao Rio, em 1971, o autor ressalta apenas ações de caráter administrativo e aquelas que seriam úteis na destruição do rótulo de conservador que acabou grudado à batina do cardeal.

Nada é dito sobre os atos de d. Eugenio que geraram o rótulo. Ao optar pela omissão, o biógrafo parece concordar com os que criticaram tais gestos. É como se admitisse a existência neles de algo condenável.

O livro sobre Geisel é ainda mais pródigo nos elogios e econômico em fatos.

Nos dois casos, a necessidade de colocar os personagens a salvo de intempéries é injusta com os biografados. Deixa a impressão de que eles não seriam capazes de resistir a uma gota de chuva.

E, pior, gera no leitor a suspeita de que há muito a ser ocultado.

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