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A melhor Casa da Olimpíada


Por Fernando Molica em 20 de agosto de 2016 | Comentários (0)

Entre tantas casas legais organizadas por países que disputam a Olimpíada, minha favorita é de longe, a Casa do Rio. Uma casa muito carioca, ampla, informal, aberta, supreendente, aconchegante e que fica ali na Praça Mauá. A casa é a própria Praça, que, recuperada pela prefeitura, foi assumida pela população.

A derrubada da Perimetral e a criação da orla que vai até a Praça 15 foram responsáveis por algo revolucionário, o resgate da importância do mar na história do Rio. É até engraçado que uma cidade tão ligada às suas praias tenha, ao longo dos anos, cortado sua ligação com a estrada que, ao longo de séculos, foi nossa única ligação com o resto do mundo.

Os sucessivos aterros, que viabilizaram a expansão de terrenos e a construção do porto e de avenidas, representaram a primeira etapa do divórcio entre o mar e o Centro. Acostumada a olhar para a baía, a cidade mudou a direção do olhar, que passou a ser direcionado para as suas ruas internas.

A poluição que matou tantas praias foi decisiva para selar a separação, aquele pedaço de mar tão cheio de beleza e de história passou a ser visto como um obstáculo, algo que atrapalhava o acesso a Niterói e às praias que ficam “do outro lado da poça” – sim, a Baía passou a ser chamada de poça..

A quebra do vínculo foi tão grande que, há algumas décadas, alguns defendiam a possibilidade de a fachada principal da Candelária ser virada para a Presidente Vargas – afinal, a igreja estava “de costas para a cidade”. Um erro absurdo, a cidade é que virara de costas para o mar. Hoje, ninguém tem dúvida de que a Candelária está voltada para o lado certo.

Em torno daquele pedaço de mar os primeiros habitantes do Brasil construíram suas civilizações, foi por lá que chegaram os portugueses, os africanos escravizados e os franceses. Lá ocorreram batalhas que provocaram a fundação da cidade. Foi na Baía de Guanabara que desembarcou a corte que transformaria o Rio na capital de um reino europeu.

Naquelas águas, marinheiros tentaram acabar com a aplicação da chibata nos navios da Marinha. Aquele mar também foi palco da Revolta da Armada, contra os primeiros presidentes.

A orla batizada com o nome do ex-prefeito Luiz Paulo Conde (deveria se chamar João Cândido, mas tudo bem) é também um museu aberto – bem que a prefeitura poderia instalar ao longo do caminho placas que ressaltassem alguns dos fatos históricos que por lá ocorreram.

Reconciliada com sua história, a população carioca ocupou a Praça e faz a festa que tão bem sabe fazer. São muitas as festas, há a que rola diante do palco e as, perfumadas pelos cheiros do churrasquinho e do acarajé, que se espalham ao longo do porto e pelas ruas vizinhas até o Largo de São Francisco da Prainha.

Pra festa ficar completa é fundamental despoluir a Baía, devemos este presente às águas que nos batizaram.

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