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A origem da suposta propina


Por Fernando Molica em 26 de agosto de 2016 | Comentários (1)

O relatório da Polícia Federal que trata do indiciamento de Lula e da Marisa Letícia não esclarece um ponto fundamental: a razão de a PF bancar que as eventuais vantagens ilícitas concedidas ao ex-presidente pela OAS estão diretamente relacionadas aos escândalos na Petrobras.

A existência de ligação entre as tais vantagens e a estatal é que poderia justificar o fato de o inquérito – que apura fatos ocorridos em São Paulo – estar sendo conduzido na Superintendência da PF do Paraná, no âmbito da Lava Jato do juiz Sérgio Moro.

Ao incluir a investigação no guarda-chuva da Lava Jato, a PF e o Ministério Público definem o que querem encontrar – evidências da ligação de Lula com o Petrolão. Definem também que o caso ficará com o Moro.

A OAS é uma grande empreiteira, ao longo das administrações petistas, conseguiu obras na Petrobras e em outros órgãos/empresas do governo federal (participa, por exemplo de Belo Monte, integra o consórcio Invepar que tem como sócios fundos de pensão de estatais, tem contratos com o Exército e a Marinha).

Ou seja, a suposta propina paga a Lula poderia ser relacionada a qualquer outro contrato. Como o tal apartamento fica no Guarujá e os bens do Lula foram levados para São Paulo seria razoável supor que um inquérito seria aberto neste estado, e não no Paraná (ou no Rio, ou no Amazonas).

Para fazer a ligação entre Lula e a Petrobras, a PF transcreve trechos de uma manifestação do Ministério Público Federal que tenta estabelecer esta relação.

No documento, o MPF diz que, por conta da participação do ex-ministro José Dirceu no esquema da Petrobras, “não é
despropositado aventar a hipótese” de que outras pessoas “extrema importância econômica, funcionai ou política receberam vantagens indevidas oriundas da corrupção na PETROBRAS.”

Outro trecho diz não ser “crível” que Lula “desconhecesse existência dos ilícitos”.

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Comentários
27 de agosto de 2016

Depois da teoria do "domínio do fato", o juiz do PR, setores da PF e o próprio MP inovam na aplicação da Justiça com o "é bastante crível" ou provável. E fala-se até em admitir prova ilegal colhida de "boa fé". Perigoso defender a injustiça contra Lula. Um dia até os liberais e golpistas poderão ser vítimas das mesmas ilações que fazem contra o ex-presidente.

Klauber Valente