WWW.FERNANDOMOLICA.COM.BR

Blog

PONTOS DE PARTIDA, O BLOG DO MOLICA

A sofisticada simplicidade de McEwan


Por Fernando Molica em 09 de julho de 2012 | Comentários (0)

Sábado, botei o relógio para despertar para acompanhar a entrevista coletiva do Ian McEwan, autor de um livro – ‘Reparação’ – cuja leitura me fez questionar se eu deveria mesmo continuar a escrever romances. O sujeito é irritantemente bom, consegue aliar rigor e criatividade, suas histórias são muito bem contadas e nem de longe esbarram em chavões ou concessões. sua densidade não é inimiga da clareza, não cria obstáculos para o leitor. É elegante até quando descaradamente nos enrola, nos leva para caminhos que, lá na frente, saberemos que eram falsos. Enfim, um grande romancista. Aí vão algumas falas – reproduzidas não literalmente – do McEwan.

. Antes de ser escritor, era um leitor. Não podemos ignorar a tradição, o que foi escrito antes.

. Autores como Machado de Assis, Tolstói e Dickens mostram como é possível construir bons personagens.

. Todos somos como escritores, todos, em nossas vidas, construimos narrativas, selecionamos detalhes, omitimos outros. O escritor procura fazer isto de maneira organizada. Somo como espiões, é importante habitar os personagens, pensar como eles. A partir de um referencial, tudo se constrói depois. Somos leitores das mentes alheias.

. Não vejo problemas em escrever como uma adolescente ou com uma jovem que, como Serena (personagem que dá título ao seu livro mais recente), está no início da fase adulta. Tenho 64 anos, quero manter meus radares abertos. Não quero falar apenas sobre homens velhos, atormentados pela ideia da morte.

. Não há vantagem em ser obscuro, é importante ter clareza na abertura dos capítulos, é vital ser interessante, exercitar esta clareza. É como fazer cócegas numa truta, isso a anestesia, fica mais fácil capturá-la depois.

DEIXE SEU COMENTÁRIO

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *