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A temperatura de um diploma


Por Fernando Molica em 20 de março de 2008 | Comentários (0)

O Brasil sempre nos surpreende – nem sempre para melhor, claro. Mas é quase sempre surpreendente. Na sexta passada eu tentei fazer aqui uma ligação entre a vida falsa desejada pelo menino que pediu um par de “chinelos de marca” – para tentar fingir que era rico – com a má qualidade da educação pública no país. Uma educação que fornecia diplomas verdadeiros, mas que se revelavam falsos – atestavam um conhecimento não-adquirido pela maioria de seus possuidores.

Enfim, tentei ligar o Estado que distribui uma falsidade com o menino que – de tanto receber expectativas falsas – assume que só poderá sair da pobreza de maneira ilusória e temporária, pela posse e uso de um bem (um par de chinelos…) que considera símbolo de alguma riqueza.

Depois é que notei que não precisava ter tentado elaborar tanto: naquele mesmo dia, a Polícia Federal desarticulou uma quadrilha especializada em vender diplomas falsos. Diplomas de instituições sérias que eram comercializados por um bom preço. Se os caras vendiam é porque tinha gente comprando – um diplominha que poderia garantir uma promoção, um empreguinho melhor. Para os clientes, trata-se de um crime menor: duvido que ocultassem isso de amigos, parentes ou vizinhos. Seriam capazes até de enquadrar e pendurar o papel na sala de casa.
Enfim, a escolha é, portanto, do cliente: o que é melhor? Diploma quente de uma escola fria ou diploma frio de escola/universidade quente?

É escandaloso comprar diplomas falsos? E o que dizer das centenas (milhares? É só procurar no Google) de pessoas que elaboram e vendem trabalhos de conclusão de curso, dissertações e teses? E o que dizer dos que compram os tais produtos?

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