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Acender a luz


Por Fernando Molica em 24 de março de 2016 | Comentários (0)

Pegando emprestado um bordão alheio, vale dizer: calma, gente. Exigir o respeito à Constituição, às regras que servem de garantia a todos nós, não significa defender ladrões, nem falta de caráter ou de pudor. Não podemos cair na lógica do linchamento, na defesa do bandido bom é bandido morto. Qualquer um de nós pode ser a próxima vítima do arbítrio, do guarda da esquina.

É absurdo pensar que a legislação brasileira não tenha instrumentos suficientes para investigar e punir. Não se pode achar que a tradicional tolerância da polícia, do MP e do Judiciário com crimes cometidos por poderosos é um problema das leis. Não, é fruto da cumplicidade de encarregados das investigações, aqueles que faziam questão de ignorar tantas evidências.

A apuração da roubalheira como a que jorrava da Petrobras é fundamental, a Lava Jato tem um papel até didático ao acabar com o me-engana-que-eu-gosto que embalava os pesados esquemas de financiamento de campanhas, safadeza de um modo geral ancorada na retribuição de favores prestados e/ou na promessa de grandes negócios.

A legislação brasileira – que inclui a delação premiada e o uso de escutas telefônicas – dá muitos poderes aos investigadores. São tantos os poderes que é preciso ter muito cuidado com sua aplicação. Insisto: no Mensalão não houve uma prisão preventiva sequer, e não se pode falar que houve impunidade ou proteção a petistas e aliados.

É preciso ter tranquilidade, parar com essa infantilidade de achar que os problemas serão resolvidos por militares, por procuradores que se acham ungidos pelo Senhor ou por um juiz que, por ter passado num concurso público, se considera acima das leis. Não somos crianças para acordar papai e mamãe cada vez que sonhamos com um bicho papão. Em caso de pesadelo, o melhor é acender a luz, não cultuar as trevas.

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