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Aldir e o cor-de-rosa


Por Fernando Molica em 10 de maio de 2020 | Comentários (0)

Quem mandou aceitar mediar, na Bienal do Livro, debate sobre uma coletânea chamada ‘Meu querido canalha’ e que teria a participação de, entre outros autores, Aldir Blanc? Eu aceitei.
Foi em 2004, 2005, por aí. Bienal não é como a Flip, tem um público mais amplo, muitas famílias, muitas crianças. E famílias e crianças lotavam o auditório do Riocentro. Na mesa havia outros autores, lembro do Geraldinho Carneiro.
Aldir chegou depois de algumas cervejas, meio tímido, sem jeito. Pra piorar, ao apagar um cigarro, abriu um buraco no forro plástico de um pufe que lhe servia de cadeira – o incidente fez com que ele ficasse ainda mais retraído.
O debate corria e ele, nada. Umas frases curtas, uns monossílabos. Até que, numa hora, ao perceber a plateia meio fria, ele deu uma empinada e, ao microfone, tratou de dar sua versão para o tema da conversa:
– Vocês querem, né? Canalha é o sujeito que, depois do amor, abraça a mulher amada pelas costas, deita-se em suas ancas nuas e decreta: ‘Cu cor-de-rosa é sinal de bom coração'”.
Do palco, vi mães tapando ouvidos de filhos, pais saindo apressados do auditório. Segurei o riso, fiz cara de estante e, tentando não perder o rebolado, continuei a conversa:
– É com você, Geraldinho.

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