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As boas notícias de cada dia


Por Fernando Molica em 01 de junho de 2011 | Comentários (0)

Coluna Estação Carioca, jornal O Dia, 01/6

Ontem, aqui neste espaço, Milton Cunha tratou dos 60 anos de O DIA. Leitor compulsivo de jornais desde que me entendo por gente, aproveito o mote. Até porque nunca consegui entender a possibilidade de viver sem jornais, não dá para sair de casa sem, ao menos, passar os olhos pelas primeiras páginas. Só assim tenho certeza de que o mundo não acabou. Desde muito cedo aprendi que os diários são tão importantes quanto a água, a luz e o gás.

Os jornais — entre eles O DIA — foram grandes amigos de infância. Num tempo em que a Internet sequer era imaginada e a TV se resumia a uns poucos canais em preto e branco, os jornais me permitiam acesso à vida além de Piedade, onde eu morava. Claro que ler sobre o timaço do Botafogo — ataque formado por Rogério, Jairzinho, Roberto e Paulo César — ajudava nesse imenso prazer. Havia também os quadrinhos do Maurício de Sousa, notícias sobre a conquista da Lua, sobre algum crime ocorrido na cidade. Graças aos jornais, a Rua Belmira não fazia esquina apenas com a Avenida Suburbana — eu também era vizinho de General Severiano, de Ipanema, de Nova York e da Baixada Fluminense. Pelos jornais conheci cantores, escritores e cineastas; suas páginas tornaram o mundo mais próximo e menos estranho. Por gostar tanto de jornais e revistinhas, sonhava virar jornaleiro, assim não me faltaria o que ler.

O DIA completa 60 anos porque, ao longo do tempo, soube ser intérprete de sua cidade e de seus habitantes, aprendeu e se modificou com eles. Jornais são instituições de suas cidades, acordam seus leitores, os acompanham no ônibus, no metrô, no trem. Ajudam a puxar conversa no trabalho e na hora do almoço, reduzem o trajeto de volta para casa. Jornais traduzem e interpretam suas cidades, seus anseios, alegrias, revoltas e contradições. Jornal não representa unidade, é produto de um conjunto de vozes, de visões e até de esquisitices, daí talvez sua semelhança com as cidades. Ambos — jornais e cidades — são fruto do trabalho coletivo, se nutrem de suas próprias contradições. O mais engraçado é que costuma dar certo, jornais sempre saem. Uma de nossas poucas certezas é a de que, independentemente do que ocorreu na véspera, a cada manhã encontraremos um resumo do mundo impresso, ilustrado e hierarquizado. Pendurado na banca, o jornal atesta o que ocorreu e ressalta que temos um dia inteiro para produzirmos boas notícias.

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