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As discretas filhas de Itamar Franco


Por Fernando Molica em 06 de julho de 2011 | Comentários (8)

Coluna Estação Carioca, O Dia, 06/7.

Com a morte de Itamar Franco, os brasileiros, enfim, puderam conhecer as filhas do ex-presidente. Exemplos raros de discrição, Fabiana e Georgiana mantiveram-se longe dos flashes durante todo o período em que Itamar exerceu a Presidência. Elas só mostrariam seus rostos no velório do pai. Vale lembrar: os anos que antecederam à posse de Itamar foram marcados pelo exibicionismo do então presidente Fernando Collor, de seus parentes e amigos. Especialista na criação de fatos que gerassem notícias fúteis, Collor transformou em ritual suas corridas dominicais, adorava se mostrar pilotando jet-skis, chegou a pegar carona num caça da FAB.

A ânsia pela exibição marcava aquele grupo de deslumbrados com o poder e com suas aparências e oportunidades. Na chamada República de Alagoas, referência à origem política do presidente, mesmo a separação de Collor precisava ser alardeada. Numa solenidade pública, ele fez questão de mostrar a ausência da aliança em sua mão. Expulso da Presidência após o impeachment, Collor soube transformar em espetáculo até sua saída do Palácio do Planalto.

Em meio à tamanha exposição, jornais, revistas e TVs se assanharam com a ascensão de um novo presidente. Divorciado, era pai de duas jovens — tinham em torno de 20 anos. Nós, jornalistas, queríamos entrevistá-las, fotografá-las, transformá-las em celebridades. Publicações especializadas se excitavam diante de futuras capas, de reportagens que revelariam namoros, separações e escândalos. Uma das filhas do presidente haveria de ser vista com algum ator, que logo seria trocado pelo herdeiro de um empresário. A outra, quem sabe?, se envolveria com um jogador de futebol e acabaria flagrada em poses comprometedoras num baile funk ou numa boite depois de algumas doses a mais. Seria inevitável que uma das duas demonstrasse arrogância, um sabe-com-quem-você-está-falando, diante de um policial.

As expectativas foram frustradas. Até hoje ignoramos quem elas namoraram, com quem se casaram, se é que são casadas. Juliana e Georgiana não protagonizaram escândalos, não usaram o nome do pai. Pelo que se sabe, não levaram amigos para passear em avião da FAB, não receberam passaporte diplomático, não ganharam empregos públicos, não montaram consultorias nem frequentaram festas de empresários. Um comportamento que, pela correção, se destaca em nosso universo político. Solidário, o País agradece.

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Comentários
22 de julho de 2011

Acho que pouco deveria importar para a população, se o filho ou neto de um político, seja ele presidente ou vereador, tem uma vida social intensa que possa envergonhar o seu pai, ou avô. Sorte do Itamar que teve filhas assim, discretas. O mesmo não podemos dizer do Tancredo, cujo neto (Aécio) não tinha/tem o mesmo comportamento. Certamente Itamar teve menos trabalho com sua imagem, relacionadas ao comportamento das filhas, enquanto Presidente, governador, senador. O que a população deveria se preocupar e que se apesar de parecerem honestas (como a mulher de César), elas realmente são honestas. Isto é, não são "laranjas"... É lógico que uma coisa não exclui a outra. As pessoas, inclusive as filhas do Itamar, podem ser honestas e inclusive viver enclausuradas, sem ter se beneficiado da influência do Pai ou avô. Como por exemplo a filha do José Serra, que apesar de uma discrição nas fofocas, teve uma empresa que teve variação patrimonial de 50.000 vezes em 42 dias: http://osamigosdobrasil.com.br/2011/05/25/empresa-da-filha-do-jose-serra-cresceu-50-000-vezes-em-apenas-42-dias/http://www.cartacapital.com.br/politica/sinais-trocados Obs: Serra vive em uma mansão em Alto de Pinheiros em São Paulo, que está no nome da filha. Enfim, seja filho do Maluf, da Dilma, do Lula, do FHC ou do Tiririca, a imprensa deveria não só se preocupar com quem eles namoram, o tipo de passaporte que tem, mas como eles moram, o que fazem para ganhar a vida, para onde viajam, se viajam de jatinhos, de quem são os jatinhos, quais os bens que possuem ( inclusive os cônjuges, filhos, etc). Chega de querer saber somente banalidades dos filhos e netos de políticos.. Investigar a vida de todos, sem a seletividade partidária, tão comum na imprensa...

Mauro
22 de julho de 2011

Oi, Saulo. Pra você ver como é dura a vida de quem se mete, como eu, a ficar dando palpite. Outro leitor, o Sílvio, veja aí nos comentários, me criticou por que eu não falei mal dos filhos do FHC. Abs.

Fernando Molica
22 de julho de 2011

Silvio, o artigo cita, de forma genérica, fatos ocorridos em outros governos. Não tive a preocupação de fazer um inventário de escândalos. abs.

Fernando Molica
20 de julho de 2011

Vc só esqueceu aqueles oito aninhos do FHC. Até na seara de filhos o home foi um escândalo só. Reconheceu até o que não era dele. Prá não falar dos bilhões que foram gastos prá salvar a família Magalhães Pinto, que por acaso tinha um pequeno laço com ele...

Silvio Torres
19 de julho de 2011

E o FHC? Tb manteve o nível do Itamar. Só a Dna Ruth que apareceu, mas com uma postura acima de qualquer suspeita. Vão esperar o FHC morrer tb para reconhecerem o seu valor?

Saulo
13 de julho de 2011

Parabéns Fernando. Quando se escreve sobre as filhas do Itamar está se escrevendo sobre o Itamar. A história ainda irá descobrir e reconhecer o quanto foi importante para o país os 2 anos do governo Itamar. Manter e ampliar a democracia naquele momento crucial, bancar a troca do dinheiro circulante em uma semana eliminando a inflação galopante, lançar as bases do carro popular e da fome zero são ações que somente um brasileiro do quilate do Itamar poderia assumir. O comportamento das filhas do Itamar está perfeitamente coerente com o homem Itamar.

João Renault
09 de julho de 2011

Obrigado, Valéria. No caso do Sambódromo, é preciso admitir que a posição em o Itamar estava não lhe permitia ver o que os fotógrafos viram. abs.

Fernando Molica
08 de julho de 2011

Parabéns Fernando,realmente as filhas de Itamar eram e serão sempre muito discretas,a exemplo do pai,que nem com a aparição na Marques de Sapucaí ao lado de uma pseudomodelo sem calcinha,fez com que a discrição do então presidente viesse à tona. Parabéns.

Valéria Lopes