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Carnaval, os últimos goles


Por Fernando Molica em 22 de fevereiro de 2012 | Comentários (0)

Coluna Estação Carioca, jornal O DIA, 22/02:

Tomo emprestado o nome de um simpático bloco do Jardim Botânico — Último Gole, que sai nas noites de terça de Carnaval — para dar os derradeiros pitacos sobre a festa. Vamos lá, por alas, como numa escola de samba.
. Sambódromo: a reforma fez bem ao espaço. Não é o palco ideal: seus criadores, Darcy Ribeiro e Niemeyer, nunca haviam assistido a um desfile. Daí absurdos como a apoteose e um obstáculo, o arco, no fim da pista. Mas o local melhorou muito.
. Comissões de frente: lindas, mas são tanta coreografias, tanto efeito visual, que elas começam a atrapalhar a evolução, como no caso da Beija-Flor. Pior é que algumas se lixam para o público, ficam escondidas naqueles carros — temos agora os pré-abre-alas — e só se mostram para os julgadores. Comissão de frente, vale lembrar, é para apresentar a escola, saudar o público — o público! — e pedir passagem.
. Músico, o presidente da Mangueira, Ivo Meirelles, não economiza ousadias como paradinhas, paradões e, mesmo, caladões (até os intérpretes ficam sem cantar, o que acabou não dando certo, parecia que o som tinha falhado). Mas ele deveria ter mais cuidado com os carros alegóricos, que voltaram a ficar feinhos, com cara de anos 70.
. Paulo Barros achou que a vida de Luiz Gonzaga era meio careta e inventou aquela história de reis e rainhas. Não precisava, a ala e a alegoria com os componentes encarnando bonecos de barro valeriam o ingresso. A versão sertaneja do carro do DNA foi dos melhores momentos do desfile.
. Como é bom ver a Portela com cara e orgulho de Portela.
. Filhos da Luma: sei não, mas acho que, pela cara deles na Avenida, os dois vão pedir pro papai para comprar o Sambódromo, demolir tudo e acabar de vez com a festa.
. Orixás: em tempo de intolerância religiosa, foi legal ver tantas representações de entidades nos desfiles.
. Escolas de São Paulo: a brigalhada na apuração confirma que o desfile paulistano é meio complicado, ainda está na pré-história. Nada contra as escolas, mas, assim como o rugby e o beisebol no Brasil, o Carnaval de lá é um fenômeno local, que sequer ultrapassou os limites de cada escola, não se espalhou nem criou raízes pela cidade, precisa até se apoiar na popularidade de times de futebol. Transformar o desfile de lá em evento nacional é uma forçada de barra.
. Blocos: a lotação está ficando esgotada. Blocos começam a ficar parecidos com o metrô na hora do rush.

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