Compromissos para todo mundo
Por Fernando Molica em 15 de abril de 2014 | Comentários (0)
Coluna ‘Estação Carioca’, 30/12/13:
Neste finalzinho de 2013 (xô!), conjugo no plural aquelas velhas promessas de Ano Novo. Listo aqui algumas para governos, administradores públicos e para todos que vivemos em coletividade. Ninguém costuma dar muita bola aos compromissos assumidos diante de fogos e taças de espumante, mas, se um ficar de olho no outro, quem sabe?
A primeira parte da lista vai para aqueles que elegemos. Fica proibido culpar São Pedro pelas enchentes, nada daquela história de que choveu em 12 horas o previsto para chover no mês inteiro. Isto é previsível, no verão é assim mesmo, o aguaceiro vem pesado, derruba encostas e as casas nelas construídas, faz com que os rios — espremidos por loteamentos e obras de canalização — retomem seu curso original. Culpar a quantidade de água que caiu é como esquimó reclamar de neve, não cola.
Ao longo de 2014 não serão aceitas também desculpas relacionadas à falta de professores, à má qualidade do ensino, às vergonhosas participações de estudantes brasileiros em exames internacionais que medem grau de aprendizagem. Governos e políticos que promovem Copa do Mundo e Olimpíadas, que compram caças suecos, constroem submarinos nucleares e transformam a FAB em empresa de táxi-aéreo não podem alegar falta de dinheiro para a Educação. O mesmo vale para a Saúde. Não serão admitidas justificativas para filas em hospitais, para a crônica falta de vagas em centros cirúrgicos ou UTIs. O país é grande e rico, os serviços têm que ser dimensionados para o tamanho da população.
Sindicatos e outras entidades de professores e médicos passarão a priorizar os interesses de seus patrões, os cidadãos que pagam impostos. Ninguém aguenta ver alunos e doentes transformados em barricadas involuntárias de lutas que dizem respeito às categorias profissionais. Brigar por salários é justo, mas não vale ter apenas a questionável coragem de fazer greve apenas no setor público, que não demite ninguém. Pra não dizer que não falei em transportes: nenhum ser humano merece levar mais de uma hora para chegar ao seu local de estudo ou trabalho, a vida não pode ser desperdiçada dentro de ônibus ou trens. Governante que não der um jeito nisso nem deveria ter sido candidato.
Antes que o espaço acabe, vale lembrar a nossa parte. Não há perdão para estacionar carro na calçada, rodar pelo acostamento, furar fila, fechar cruzamento e votar em bandidos. Ah, não vale qualquer justificativa para impedir uma eventual nova queda do Fluminense. No mais, feliz 2014.