Deu bode no concerto do Elomar
Por Fernando Molica em 12 de setembro de 2016 | Comentários (3)
O compositor e cantor Elomar provocou alguns aplausos, muitas vaias e um coro de ‘Fora Temer’ no encerramento de seu concerto, na noite deste domingo, na Sala Cecília Meireles.
Ao final da apresentação, que contou com a Orquestra Sinfônica Nacional da Universidade Federal Fluminense, Elomar, aplaudido de pé, fez agradecimentos e recitou trechos do Hino à Bandeira. Em seguida, afirmou que a bandeira nacional jamais seria vermelha.
A declaração gerou poucos aplausos que, em seguinda, foram sufocados por vaias. Logo depois, a maior parte do público iniciou o grito de ‘Fora Temer’. O músico, que é fazendeiro e cria bodes no interior da Bahia, evitou novas declarações de teor político e, em seguida, deixou o palco.
Estou com Elomar. O verde e amarelo não pode ser jamais substituído pelo vermelho (uma bela cor, de fato) de ideologias fracassadas nos corredores da História. O Brasil precisa ser passado e limpo e posições ideológicas de qualquer matiz não podem servir de blindagem para as quadrilhas de corruptos que nos assolam. Viva Elomar e Viva o Brasil!
JeremiasEu estava lá ontem, na gloriosa Sala Cecília Meireles. Foi um comentário bastante infeliz, feito por um grande artista. Porém, como estamos em uma democracia, "quem diz o que quer, ouve o que não quer. É importante que fique claro que as vaias foram para a ideologia do Elomar e não para a sua arte. Curioso é saber que toda a obra do artista tem o sentido de fortalecer a nossa cultura, sobretudo a mais genuína, a do sertão, do coração do Brasil. O presidente (ilegítimo) Temer, então "interino", teve como uma de suas primeiras ações, a extinção do Ministério da Cultura, só recolocando-o de volta após inúmeras manifestações populares e da classe artística. Esse "governo da bandeira verde e amarela" não tem apreço verdadeiro pela Cultura; o que o governo "da bandeira vermelha" sempre teve, desde que foi eleito legitimamente, e criou o MINISTÉRIO DA CULTURA,separado da Educação. Acho que o Elomar não sabe do que estava falando. Que ele continue compondo e cantando, trazendo a voz do sertão para os nossos corações, que isso ele sabe fazer muito bem, ora se sabe!!!!
NANCY CARVALHOBoa tarde!!! Eu estava no show de ontem e, é uma prova de como a desconstrução de mitos produz todo tipo de reações e emoções. Em mim, produziu profunda decepção, sobretudo porque Elomar carrega em suas canções, personagens e elementos do sertão que estão sob severas dores, frente ao achincalhamento recente e profundo de nossa democracia. Outra coisa: ele tem todo o direito de expressar o que defende e acredita. O que me resta, é olhar toda sua obra, a partir de agora e, a mim, lamentavelmente, num outro sentido. Crendo que parte significativa de sua genialidade musical, não condiz com seu modelo oligárquico de ver o Brasil e pensar o mundo. Tudo começou a me incomodar bastante a partir do instante que começou-se uma sutil neo pentecostialização desnecessária, com apologias diretas entre sua antífona 11 e o pentateuco bíblico como fonte inspiradora. Aí já começou meu estranhamento. Só que, com todo respeito a magnifica obra desse senhor genial em suas composições, não poderia imaginar que o pior estava por vir. Ao encerrar o show com os agradecimentos convencionais (com péssimo som na sala Cecília Meireles, diga-se de passagem), Elomar aventurou-se a falar da resistência do Rio de Janeiro por causa da força do chorinho. Em seguida, vilipendiando a diversidade geral do público e subestimando a nocividade do golpe na cultura, bradou ao fim do verso do hino nacional "... Brasil, de amor eterno seja símbolo O lábaro que ostentas estrelado E diga o verde-louro dessa flâmula..." E EMENDOU: "...TEM GENTE AÍ QUERENDO TRANSFORMAR ESSE VERDE DA NOSSA BANDEIRA PELO VERMELHO". OU SEJA, a visão do latifundiário ruralista ante aos movimentos de reforma agrária em um dos países com maior concentração de terras do mundo. ISSO FOI O OCORRIDO. LAMENTÁVEL!!!!
Walmir Pimentel Baptista