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Deus e o impeachment


Por Fernando Molica em 19 de abril de 2016 | Comentários (0)

A quantidade de deputados que fala em Deus ao votar pelo impeachment revela como é preocupante esta opção de políticos por algo que não deveria ser objeto da política – a religião. A opção pelo divino exime deputados de discutir problemas concretos, terrenos. Ficam assim livres de falar em crescimento, distribuição de renda, reforma agrária, desemprego, crise econômica, saneamento, saúde, educação, transportes.

A ênfase no Céu revela também o interesse de muita gente em manter eleitores afastados da política real – e, mais grave, demonstra como a discussão política é algo estranho à vida de milhões de brasileiros, pessoas que, de maneira sincera, duvidam de sua própria capacidade de influir nos destinos de suas comunidades, de seu país. Preferem terceirizar esta tarefa, entregá-la nas mãos de quem se diz representante de Deus.

A derrota anunciada também mostra o oportunismo petista de, nas últimas décadas, cortejar integrantes da bancada evangélica. Em nome dos votos, o PT abriu de discutir política com os fiéis evangélicos, preferiu conchavar com os pastores, mesmo com aqueles acusados de tantos e tantos crimes – no fim das contas, nesta semana, o Bispo Macedo, sequer aceitou se reunir com Lula
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Dilma também optou por fingir uma fé que, todos sabemos, não tem. Ela, que enfrentou situações tão terríveis, preferiu se apresentar como católica, negou bandeiras que faziam parte da luta histórica do movimento feminista. Ao fazer isso, o PT e Dilma apostaram no atraso, reforçaram a ideia de que um ateu não é tão digno ou confiável quanto um cristão. Agora, se veem obrigados a engolir uma derrota também imposta em nome de um deus que tantos petistas dizem não existir.

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