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Dores e livros


Por Fernando Molica em 13 de setembro de 2009 | Comentários (2)

Ontem à tarde eu vi boa parte da mesa que reuniu, no Café Literário da Bienal, os romancistas Adriana Lisboa e Eli Gottlieb. Vi de casa, pela internet, depois de chegar de uma caminhada e enquanto ajeitava o almoço – ou seja, não deu para acompanhar tudo. Mas foi ótimo ter assistido.

Os dois tocaram em aspectos fundamentais do processo de criação literária. A importância de se ter um olhar distanciado, a capacidade de o escritor reciclar suas experiências de vida e, ponto fundamental citado pela alvinegra Adriana, o tratamento a ser dado às tragédias.

Segundo ela, os momentos de tristeza superam os de alegria. Tragédias – pequenas ou grandes – nos acompanham, estão sempre prontas para o bote. A questão é como trabalhar estas tragédias na literatura, não pintá-las de cores óbvias e melodramáticas que apenas reforçam sentimentos explicitados no próprio drama. A graça da brincadeira está em descobrir o que não é evidente, a sucessão de pequenas tragédias e o acúmulo de dores que antecipam o gesto final.

O bom é quando o livro consegue captar o que não ficou óbvio, a quase imperceptível – e dilacerante – dor que nos mata um pouco a cada dia. A dor que não sai no jornal.

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Comentários
26 de outubro de 2009

o que eu estava procurando, obrigado

Jennifer-Tool
25 de setembro de 2009

A poesia é como uma dor de barriga fora de hora, a gente não a espera, mas um dia ela vem nos atormentar. E olha, parece que gente que tem dor de barriga todo dia. Grande abraço, e parabens!!!

Achel Tinoco