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Eduardo Paes ainda nos deve uma cidade limpa


Por Fernando Molica em 04 de abril de 2012 | Comentários (0)

Coluna Estação Carioca, jornal O DIA, 4/4:

Eduardo Paes fez e desfez; desapropriou, mexeu nos transportes, começou a obra no porto, demoliu e prometeu demolir — é o caso da Perimetral. Radicalizou no choque de ordem, limitou o frescobol e o altinho. Também cometeu absurdos como autorizar o adensamento de áreas de Jacarepaguá e Recreio e ao bancar a contratação de professores para o ensino religioso. Equilibra-se entre virtudes e concessões.
O prefeito que tanto faz e acontece se aproxima do fim do mandato sem tocar num ponto importante: a adoção de uma lei como a da Cidade Limpa, implantada em São Paulo. Paes chegou a analisar uma proposta, mas mandou refazer tudo. Pelo jeito, o assunto não andou.
Não é ofensa dizer que São Paulo não prima pela beleza. Construída por quem buscava produzir e fazer dinheiro, a cidade é um amontoado de prédios e avenidas. Suas fachadas ainda foram ocupadas por placas que pareciam disputar o direito de tornar tudo mais feio. Mas, em 2007, começou a vigorar uma lei do prefeito Gilberto Kassab que deu tranco na poluição visual. Ele baniu os outdoors e estabeleceu limites para os letreiros de estabelecimentos comerciais. Não dá para dizer que São Paulo ficou bonita, mas melhorou muito.
Se a Cidade Limpa fez bem a São Paulo, imagine o que não faria em uma cidade linda como a nossa. Isto vale para todos os lugares, para a orla, para a região central e, principalmente, para os subúrbios. Mais afetadas pela violência das últimas décadas, as áreas periféricas se degradaram, perderam moradores e atividades comerciais. Pior, muitos dos que ficaram por lá trataram de destacar mais sua presença — e tome de placas gigantescas anunciando mercados, bancos, lojas, dentistas, igrejas e serviços daqueles que trazem a pessoa amada em três dias. A decadência do espaço público gera uma competição alucinada — a placa seguinte é sempre maior que a anterior — e acelera a piora das condições de vida. O Choque de Ordem de Paes comprou, aqui e ali, algumas brigas com a publicidade ilegal, mas já passou da hora de, pelo bem do Rio, tornar o combate mais regular e efetivo.

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Na próxima terça, dia 10, lançarei, na Livraria Saraiva do Rio Sul, a partir das 19h, meu romance ‘O inventário de Julio Reis’. O pianista João Bittencourt tocará músicas compostas por Julio Reis, um compositor que viveu no Rio até os anos 30 do século 20. Todos serão bem-vindos.

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