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Eleitor alemão tira FDP do parlamento


Por Fernando Molica em 05 de outubro de 2013 | Comentários (0)

Coluna Estação Carioca, O DIA, 25 de setembro:

A notícia, surpreendente, vem da Alemanha. Não haverá FDP no Parlamento de lá. O partido de sigla autoexplicativa — Freie Demokratische Partei (Partido Democrático Liberal) — não conseguiu 5% dos votos e encalhou na cláusula de barreira. É possível prever um aumento na visitação do Reichstag, o Parlamento. Os guias dirão para turistas incrédulos: “Aqui não há FDP!”

Com a mudança, a chanceler federal, Angela Merkel, não poderá mais contar com o apoio do FDP para impor sua austeridade econômica a gregos, portugueses, espanhóis e irlandeses, que tanto dependem da Alemanha. Dizem os analistas que, sem a dócil parceria — o FDP era muito útil ao governo — , ela será obrigada a construir uma aliança à esquerda, o que tende a diminuir a pressão sobre os vizinhos. A população desses países comemora, era difícil suportar os resultados da união entre os políticos agora derrotados e a rígida chanceler.

A triste sina de um partido que, ao contrário dos nossos, não esconde seus princípios, serve de alerta para políticos e eleitores. O FDP foi conduzido ao Reichstag pelo voto. Desta vez, perdeu seus representantes também pela vontade soberana dos cidadãos. Nas democracias, partidos e políticos só chegam ao poder se embalados pelo desejo da população.

Claro que muitos dos eleitos, depois de empossados, negam suas promessas e agem apenas de acordo com seus próprios e ilegítimos interesses. Mas vários de nossos piores representantes não conseguem esconder seus verdadeiros propósitos. Num tempo em que há tanto acesso a informações, fica difícil ignorar o passado — em alguns casos, a folha corrida — daqueles que tentam conseguir nosso voto. Nem é tão difícil assim reconhecer os enganadores, a receita para evitar armadilhas mais óbvias é antiga: vale desconfiar de candidatos que oferecem vantagens individuais (empregos, sacos de cimento, consultas médicas) e também dos que usam a religião como instrumento político — muitos aproveitam que o eleitor está distraído, olhando para o Céu, para fazer, aqui na Terra, coisas que até Deus duvida. Vale ter o mesmo cuidado com aqueles que insistem na tecla da moral privada; quem pensa demais na vida íntima alheia costuma ter problemas acumulados no armário da consciência. Em 2014, vale seguir o exemplo dos alemães: não é difícil evitar que um FDP chegue ao poder.

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