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Enfermeiras talibãs


Por Fernando Molica em 10 de novembro de 2009 | Comentários (2)

Aconteceu de novo: o Conselho Regional de Enfermagem do Rio conseguiu, na Justiça Federal, uma liminar que impede a Fernanda Lima, apresentadora do programa “Amor e sexo”, de se apresentar vestida de enfermeira. Para o Coren, a caracterização reforçaria o fetiche masculino em relação às enfermeiras.

Bem, a atitude não representaria muito escândalo em tempos em que jovens vaiam loura de pernas grossas e saia curta. Mas é um escândalo, um atentado contra a liberdade de expressão. Entidades que representam as enfermeiras acham ofensivo que estas profissionais sejam vistas como mulheres bonitas e sensuais? O problema é delas. Preferem ser vistas como barangas, grosseiras, desatentas, insensíveis? Problema delas (antes que me processem: não disse que enfermeiras são gostosas, nem que são barangas, grosseiras, desatentas ou insensíveis).

As tais entidades tem o direito de defender a categoria: ninguém pode dizer que toda a enfermeira é vagaba ou que todo o policial é corrupto ou que todo jornalista é safado. Nesses casos, vale a chiadeira, processo, o escambau. Mas o problema é outro: as senhoras do conselho acham que ninguém – nem mesmo na ficção – pode caracterizar uma enfermeira como sensual, como uma pessoa capaz de atrair desejos, representar um fetiche. Elas querem controlar o desejo alheio!

Claro que ninguém pode atacar uma enfermeira, estuprá-la – ninguém pode fazer isso com ninguém. Mas não se pode impedir que uma pessoa tenha desejos em relação a enfermeiras, aeromoças, pilotos de avião, entregadores de pizza, estagiárias, bombeiros (há uns anos, a Renata Ceribelli fez, no Fantástico, uma matéria hilariante com uma mulher que tinha tesão em bombeiros. A tal senhora foi colocada num carro da corporação e quase teve um orgasmo quando a sirene foi ligada. Será que os bombeiros se sentiram agredidos com a fantasia – real – da tal senhora?). Será que os jornalistas deveriam ter entrado na Justiça contra o filme “Cidade de Deus” só porque um personagem diz que jornalista é ruim de cama?

Enfim, deixemos de talibanismo. É fundamental combater preconceitos assim como é essencial garantir a liberdade de expressão. Que as enfermeiras não tentem controlar a representação dos desejos e se concentrem em lutas mais importantes.

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Comentários
14 de novembro de 2009

Na minha opinião que não mudo, o Coren tem mais é que se preocupar em ver as condições de trabalho deploravéis das suas e seus associados, dos salários aviltantes que as(os) mesmo recebem para realizar trabalhos cada vez mais exaustivos.Aqui em São Paulo é a mesma palhaçada.Agora pode o Coren me responder por que quem esta na diretoria não larga o cargo nunca?Por que anuidades tão altas para somente proibir apresentadoras de roupas de enfermeira?Irá o Coren processar as lojas de sex shop proibindo a venda de roupas de enfermeiras? Vão cuidar do que precisa, mas não so querem mesmo aparecer.Podridão maior dificil de achar

Marcos Venicius Batista Santos
12 de novembro de 2009

Concordo. O problema é quando se cria uma associação entre profissão e putaria, como no caso das massagistas. Mas fantasia erótica é fantasia erótica, e proibir a Fernanda Lima de vestir saia curta e estetoscópio é patrulha de libido. Daqui a pouco vão proibir também fantasia com aeromoça. E elas vão distrribuir saquinhos de amendoim para que?

sleo