Enfim, a ‘Vigília d’armas’
Por Fernando Molica em 18 de abril de 2012 | Comentários (1)
Nesta quinta, dia 19, às 19h, a Sala Villa-Lobos, da UniRio, será palco de uma reestréia. Quase cem anos depois de ter sido apresentada pela primeira vez, a sinfonia ‘Vigília d’armas’, de Julio Reis, “esboço de um poemeto”, segundo o autor, voltará a ser ouvida em público. A última audição documentada ocorreu em julho de 1923, no encerramento da Exposição do Centenário da Independência. A Orquestra Sinfônica UniRio é que será responsável pela execução de ‘Vigília’ – isto, graças ao esforço do maestro Branco Bernardes, com quem comecei a conversar sobre Julio Reis há alguns anos, muito antes da ideia de escrever um livro baseado na vida do compositor.
Por muitas vezes manuseei a partitura original de ‘Vigília’, à direita da tela. Fui testemunha dos esforços do meu avô Mário, filho de Julio Reis, em tentar fazer com que alguma orquestra a executasse. Meu avô morreu há 20 anos sem conseguir voltar a ouvir a sinfonia. Uma vez, há uns 15 anos, dei de cara com o quadro que inspirou a composição, ‘Le rêve’ (‘O sonho’), de Edouard Detaille – estava, como está até hoje, exposto no Museu d’Orsay. Levei um baita susto, o quadro é imenso, tem uns 12 metros quadrados. Chega a ser engraçado tê-lo conhecido em Piedade, na casa dos meus avós, folheando a partitura de ‘Vigília’.
Hoje tudo seria mais simples, é possível ouvir o que está escrito na partitura graças a um simples programa de computador que simula o som dos instrumentos (o link está na parte deste site dedicada a Julio Reis). Meu avô morreu antes de todas essas modernidades. Amanhã, enfim, ouvirei ‘Vigília d’armas’ ao vivo. Sim, perdão, não há como fugir do indesculpável chavão, ao lugar mais do que comum: pena que o vô Mário não esteja mais por aqui.
Parabéns por mais esta obra que resgata uma história valiosa. Ainda não tive o prazer de ter o livro em minhas mãos para saboreá-lo, mas em breve vou comprá-lo por aqui. Tenho um carinho especial por livro de memórias, já editei muitos e escrevi alguns. Você não nega a "raça" dos Molica, gente batalhadora, persistente e de excelente caráter. Conheci alguns em Viçosa. E os reis não ficam atrás. Parabéns!
Jacyra Sant'Ana