Esse milhão é nosso!
Por Fernando Molica em 19 de junho de 2008 | Comentários (0)
O comentário – breve – vai com atraso (os últimos dias têm sido meio intensos). Enfim começa a esquentar o debate sobre as leis de incentivo à produção cultural (tema já abordado aqui, no novo blog, e aqui, no antigo).
O Walter Sales, com a autoridade de ser cineasta e produtor, apontou a nudez do rei: é muito esquisto que um patrocinador beneficiado por incentivos fiscais tenha direito a fazer mershandising num filme: ou seja, uma empresa patrocina um filme e recebe todo o dinheiro de volta graças aos incentivos fiscais. E ainda pode fazer propaganda no filme (lembro da cena de “Tieta” em que Chico Anísio acaricia um cheque enviado pela filha “paulista” – a Tieta – e, em tom elogioso, fala o nome do banco). Não se trata de ser contra o merchandising, que é uma forma razoável de arrecadar dinheiro para uma produção. O complicado é fazer isso com dinheiro público.
O tema foi bem explorado em matéria do Segundo Caderno de “O Globo” publicada nesta segunda-feira. Ontem, quarta, o Carlos Augusto Calil, secretário de cultura do município de São Paulo e ex-diretor-geral da Embrafilme, publicou, na “Folha de S.Paulo”, um artigo bem interessante sobre essa questão dos incentivos fiscais na cultura. O debate é saudável e interessa a todo mundo, não pode ficar restrito apenas aos chamados produtores de cultura.