Flores em vida
Por Fernando Molica em 16 de abril de 2008 | Comentários (2)
Se não me engano, foi o amigo e grande botafoguense Arthur Dapieve que, certa vez, comparou o lançamento de um livro a um velório. Na visão dele, o autor representava – só o Dapieve pra pensar nisso, não é mesmo, Agamenon? – o papel do defunto. Cito as justificativas de memória: lançamento de livro é uma grande reunião de amigos, dá pra rever gente há muito desaparecida, todo mundo se diverte. Todo mundo, menos o autor. Ele é o único que não aproveita nada do evento – tal e qual o defunto no velório.
Vai-se a um velório por causa do morto; ao lançamento, por causa do autor. Mas este, coitado, fica ali sentado, sozinho, torcendo pra que todo mundo apareça, morrendo de medo de esquecer o nome da própria mãe, se sentindo culpado por não poder dedicar mais tempo a amigos que não via há um tempão, sofrendo para tentar não repetir dedicatórias (e tem uns sacanas que ficam comparando dedicatórias bem na frente do autor! Isso deveria ser crime, quem faz isso deveria ser obrigado a tomar umas quatro taças de vinho branco de joelhos!).
Por tudo isso, caríssimas e caríssimos, não me abandonem hoje à noite; não esqueçam de exigir o papelzinho com seus nomes; compreendam se, na hora H, não sair nada além de “um abraço”. Será um abraço sincero, forte, apertado, cheio de carinho. E recorro ao Nelson Cavaquinho – citado várias vezes em “O ponto da partida” – para acrescentar mais um item às tais coincidências que o doido do Dapieve viu entre velório e lançamento de livro: as flores.
Volta e meia os autores recebem flores em noites de autógrafos. Mas, ao contrário daqueles que já partiram desta para a supostamente melhor, estamos vivos para recebê-las. Flores reais ou mesmo as virtuais, aquelas que nos chegam, alegram e perfumam em forma de abraços, cumprimentos e beijos. Muito melhor assim. Flores em vida, como pediam Nelson e Guilherme de Brito.
Abraços, inté.
Como está aí ao lado: lançamento de “O ponto da partida”, hoje, 16 de abril, a partir das 19h – sem hora pra terminar -, na livraria DaConde, na Conde de Bernadotte, 26, loja 125, Leblon.
São igualmente bem recebidas. Abraços.
Fernando Molicatá bem.. te mando flores virtuais... o livro acaba de entrar na minha fila de lançamentos.. rs abs
ale staut