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Glauber, Niemeyer e o direito à crítica


Por Fernando Molica em 28 de março de 2008 | Comentários (2)

O Aydano André Motta dá (ôps!) em seu blog uma espinafrada na cruzada pró-Glauber Rocha que se armou depois que o Marcelo Madureira disse que o cineasta baiano “é uma merda”. Discordo do Marcelo, gosto muito do Glauber, “Deus e o diabo” é genial, “Di” é espetacular. Mas, fazendo coro ao Aydano: todo mundo tem o direito de achar o que bem entender do Glauber e de quem quer que seja. É do jogo.

O Aydano ressalta que, na matéria publicada ontem no Globo, um entrevistado – o crítico de cinema Dejean Magno Pellegrin – diz que “daqui a pouco alguém fala que Niemeyer é uma merda”. Bem, não chego a tanto, seria burrice, estupidez e mesmo uma grosseria com um homem de 100 anos. Mas, em defesa do direito sagrado à crítica, repito aqui o início de um post que coloquei no blog antigo, em dezembro passado.

Em primeiro lugar, parabéns a Niemeyer, incansável produtor de beleza. É admirável vê-lo chegar aos cem anos lúcido e produtivo. Seu interesse em participar de grupos de estudos, em continuar aprendendo, chega a ser emocionante. Mas, enfim, não consigo deixar de achar – com todo o respeito – que ele é mais escultor do que arquiteto. Arquitetura é uma forma de arte, sem dúvida. Mas, diferentemente da música e da pintura e mesmo da literatura, a arquitetura não pode ser dissociada de um objetivo prático – ainda que a produção do belo não deixe de ser também algo útil e necessário. Talvez o maior desafio da arquitetura seja esse: produzir uma beleza que não entre em choque com a função de um determinado prédio, com o conforto de quem vai usá-lo ou habitá-lo. E é aí que implico com Niemeyer e com seu endeusamento (logo ele, ateu de carteirinha). É como a velha piada: o bom é morar de frente para uma casa projetada por Niemeyer, não morar nela.

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Comentários
02 de outubro de 2016

Com algum atraso, tudo que envolve o urbanismo de Brasília mexe aqui, em mim, porque adoro o macro ali posto, talvez por faltar em quase todas as outras cidades brasileiras. Num opúsculo chamado Brasília: a cidade que inventei, Lúcio Costa conta ter planejado o Centro Comercial e o Conic para os altos escalões e regojiza-se com o fato de ali ter virado a encruzilhada mais brasileira do país, com, principalmente candangos apropriando-se do espaço. A minha chegada alí em 1989 foi um painel inesquecível de brasilidade nordestina. Um luxo! Mas o Niemeyer...

Tadeu Silva
28 de março de 2008

Citando o Jaguar, os filmes são chatos pra caramba, mas o diretor é genial rs

Marcelo