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Herança musical


Por Fernando Molica em 04 de julho de 2012 | Comentários (0)

Reportagem da Revista de História da Biblioteca Nacional (edição de julho) sobre a doação do acervo de Julio Reis:

Aos 13 anos, Julio Cesar do Lago Reis (1863-1933) já causava admiração por compor a “Ave Maria” para piano e coro. Autodidata, o jovem era considerado um prodígio, mas não parou por aí. Ele também foi organista, jornalista, escritor e crítico musical, tendo muitas obras publicadas e guardadas na Biblioteca Nacional. No entanto, centenas de outras – mais de 200 partituras – pertenciam aos herdeiros, que agora decidiram doar todo o acervo à BN.

A decisão foi do jornalista e escritor Fernando Molica – bisneto de Reis -, após finalizar seu livro O inventário de Julio Reis (Record, 2012), romance baseado na vida do compositor. “Era um desejo do meu avô, Frederico Mário. Ele herdou esse acervo do pai e o conservou a vida inteira. Chegou a deixar um bilhete, e foi explícito comigo dizendo que queria a doação”, conta Molica. Outro fato que pesou foi a impossibilidade de cuidar adequadamente de tudo em casa.

“O material está em boas condições, mas não estava guardado do jeito que deveria. Tem muita coisa escrita ali com mais de 100 anos. É preciso limpar algumas; outras têm que ser restauradas. Não dá para fazer isso em casa”, diz o jornalista. Com a transferência das obras, Molica acredita que a pesquisa será facilitada. Ele lembra que recentemente foi procurado por alunos de Música da Universidade de São Paulo interessados em montar uma ópera baseada em libreto de autoria de seu bisavô. “A partir do momento em que vai para a Biblioteca Nacional, passa a ser acessível a todo mundo, que é o que interessa”, afirma.

Para ele, ter o material à mão ajudou muito na sua pesquisa histórica. “É uma ficção, mas tem como ponto de partida a vida de uma pessoa que existiu. Estive também na BN pesquisando jornais da época, porque eu queria ter uma base razoavelmente sólida, para não trair o personagem. E quando terminei de escrever, achei que estava na hora de fazer a doação”, conclui.

Elizete Higino, chefe da Divisão de Música da Biblioteca Nacional, garante que o acervo de Julio Reis está em muito bom estado. Embora algumas peças precisem de restauração, as condições gerais do material são boas. São 13 envelopes contendo diversas obras do artista, incluindo reportagens de jornais sobre suas apresentações e críticas de autoria dele e sobre ele. A maioria das partituras doadas foi escrita de próprio punho por Reis.

Satisfeito com a doação, Molica acha que fez o que devia para preservar o patrimônio e dar uma contribuição à música: “Chega uma hora em que isso naturalmente deixa o âmbito familiar e passa a ser de todos”.

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