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Inocentes, Serguei, papa e Paes


Por Fernando Molica em 13 de fevereiro de 2013 | Comentários (0)

Coluna Estação Carioca, jornal O DIA, 13/2

O balanço de uma festa como a do Sambódromo é sempre incompleto. Mas vamos a alguns pontos.

. Ou as escolas enquadram as comissões de frente ou serão engolidas por elas. Talvez seja o caso de diminuir para três o número de julgadores do quesito, o que acabaria com a necessidade de tantas paradas para apresentações completas. Outra possibilidade é a limitação do tempo das coreografias. O excesso de movimentos engarrafa as alas e atrapalha a evolução.

. Tudo bem que desfile de escola de samba não é aula de história. Mas é esquisito ver a Tijuca exaltar a trajetória da Alemanha e sequer insinuar episódios como o nazismo e a Segunda Guerra Mundial. O Fusca, celebrado na Avenida, foi um projeto roubado do engenheiro judeu Josef Ganz. Mostrar como a Alemanha tem encarado esses terríveis momentos seria também uma forma de homenagear seu povo.

. Para usar um jargão do futebol: a apresentação da representante de Belford Roxo mostra que não há mais inocentes no Grupo Especial. Uma eventual queda da escola será mais consequência de sua contestada ascensão no ano passado do que fruto de seu desfile.

. O desastre no fim do desfile da Estação Primeira fez com que mangueirenses como eu se lembrassem da eliminação do Brasil na Copa de 1982. O Sambódromo virou Sarriá.

. A camisa usada por Serguei na comissão de frente da Mocidade e que estampava a frase “Eu comi a Janis Joplin” deveria ser tombada e incorporada a um Museu do Carnaval. Irreverência típica do Carnaval e do melhor rock’n’roll.

. Por falar nisso: a presença de um cover de Raul Seixas na Mocidade representou uma ironia e uma involuntária crítica ao Rock in Rio. Rauzilto foi a grande ausência da primeira edição do festival. Era roqueiro demais para o padrão bem-comportado do rock que então se fazia por aqui.

. Ao dizer que Bill Clinton agira como um pinto no lixo ao visitar a Mangueira, Jamelão não poderia imaginar o que seria a performance de Eduardo Paes durante o desfile das escolas de samba. O prefeito cisca para todos os lados e, sozinho, age como uma ninhada solta no antigo Aterro de Gramacho.

. Com todo o respeito. Papa renunciar no Carnaval parece tema de marchinha dos anos 1950. Aquela história do sujeito que, ao ver a festa, decide mudar tudo em sua vida.

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