Não era piada
Por Fernando Molica em 10 de dezembro de 2008 | Comentários (0)
Atire a primeira lauda (ou bloquinho, ou computador, ou microfone) o jornalista que nunca escreveu ou falou no ar alguma bobagem. A velocidade das informações é alucinante, a concorrência é pesada – o jogo, enfim, é duro. Já errei por avaliar mal algumas situações, por não dar muita importância a fatos revelantes e, também, por supervalorizar algumas besteiras.
Os fatos são maiores do que os jornalistas, podem sempre nos surpreender. Pior, a verdade de hoje pode ser a mentira absoluta de amanhã. Nós, jornalistas, vivemos sempre diante de um problemão, um paradoxo. Ao contrário do que ocorre em outras profissões, nossas eventuais e passageiras glórias são públicas, mas nossos erros também.
Os jornais de hoje destacam que o Ronaldo vai mesmo para o Corinthians, fechou contrato. Ontem eu estava em São Paulo e peguei, na avenida Paulista, um exemplar do “Jornal Placar” – até então não conhecia o dito cujo, uma experiência que gerou 22 números. O jornal foi distribuído nas ruas juntamente com o “Destak”. Certamente os caras fizeram um teste de mercado.
Já no avião, dei uma folheada no jornal. Na página 2, um balanço da experiência destacava que o “Placar” não iludira o torcedor com notícias falsas… como a ida de Ronaldo para o Corinthians. Admito: a imprensa esportiva adora criar expectativas sobre transferências que acabam não ocorrendo, é louvável ter cuidado com esse tipo de informação. O problema é que a tal informação era surpreendentemente verdadeira – até fato novo em contrário, claro.
Como se pode ver acima, a manchete do jornal no dia 27/11 foi “Ataque de riso”, uma ironia com a suposta ida do Ronaldo para o Timão. O título da página 10, onde a brincadeira continuava, foi “Uma piada fenomenal”. Os supersticiosos podem ter uma explicação: a edição, veja só, era a de número 13.