Neymar e a nossa intolerância
Por Fernando Molica em 24 de junho de 2018 | Comentários (0)
Essa discussão em torno do Neymar revela, mais uma vez, o quanto estamos incapazes de ponderar, de debater, de trocar ideias. Virou um outro pega-pra-capar, um outro coxinhas versus mortadelas, camisas amarelas contra vermelhas. Caramba, calma. O cara, cracaço, joga pacas, é de longe o melhor jogador do time. Isso não impede que ele exagere ao cavar faltas, que demonstre imaturidade e incapacidade de ser contrariado, que, por ser tão irritadiço, tome cartões amarelos desnecessários, que podem atrapalhar a trajetória da seleção.
O caso Neymar foi transformado em uma peleja entre libertários e repressores, entre os que veem no cara uma reencarnação dos ideais de 1968 e os defensores da ordem, do progresso, do simsinhô. A polarização impede conversas, dificulta reflexões, anula qualquer possibilidade de debate. Duvido que os defensores do camisa 10 considerem que ele é assim tão espetacular e perfeito, tenho certeza que aqueles que o criticam de forma pontual – estou entre estes – sabem o quanto é cara é bom de bola, e fundamental. Com suas qualidades e problemas, Neymar é um cara contraditório, não tentemos reduzi-lo a alguém menor, linear, previsível. E torçamos por ele, pela seleção.