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Ninguém está livre da tortura


Por Fernando Molica em 26 de outubro de 2018 | Comentários (0)

Pessoas que defendem ou justificam a tortura não se dão conta de um dado fundamental, ninguém está livre do arbítrio. Por exemplo: numa ditadura, um jovem oficial que fizesse planos para explodir bombas em quartéis dificilmente escaparia de sessões de tortura. Seus algozes fariam de tudo para que ele revelasse nomes de outros envolvidos com a trama. Isto ocorreria mesmo se o explosivo protesto fosse apenas uma manifestação favorável a um aumento de salários.

Numa ditadura, comerciantes ficam mais expostos à arbitrariedade de fiscais, taxistas não têm como se defender de excessos de PMs. Numa ditadura, o netinho de uma boa e tradicional família corre o risco de tomar muita pancada se for descoberto com um pouco de maconha. O filme ‘O jardim dos Finzi-Contini’, de Vittorio De Sica, mostra como uma família de judeus italianos achava que, por ser rica, nunca seria atingida pelo antissemitismo – claro que foi.

Inspirado em fatos ocorridos com seus antepassados, o amigo Rafael Cardoso descreve, em seu ótimo romance ‘O remanescente’ como banqueiros judeus alemães acabam vítimas do nazismo. A história da União Soviética também mostra como amigos do regime passaram a ser tratados como inimigos. Ninguém está seguro numa ditadura, nem mesmo aqueles que apoiam e comemoram sua implantação (por aqui, Carlos Lacerda e JK foram presos e tiveram seus direitos políticos cassados).

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