Notícias de jornal
Por Fernando Molica em 03 de março de 2010 | Comentários (0)
A edição de “O Dia” desta terça trouxe duas matérias que nos fazem chorar. Uma delas, espetacular, é do Ricardo Albuquerque e do Paulo Alvadia: trata de três irmãos – de 7,11 e 12 anos – que batem um bolão no judô. Eles – duas meninas e um menino – colecionam medalhas. Ah, além de irmãos, são muito pobres, vivem no maior miserê, os pais são catadores de sucata, todos moram num prédio invadido.
As meninas e o menino – Tainara, Eduarda e Pablo – representam o que temos de melhor e de pior. De um jeito ou de outro, na porrada, seus pais conseguiram manter um sentimento de família, as crianças sorriram orgulhosas para o fotógrafo, cheias de medalhas, soberanas em seus quimonos azuis. É escandaloso que aquela família viva daquele jeito. Não porque há atletas promissores por ali. Mas porque há pessoas que merecem uma vida melhor. Esse país que anda tão cheio de si, que alega ter surfado na marolinha, deveria – diante de Tainara, Eduarda e de Pablo – ter vergonha de arrotar suas conquistas. O país que conta é o país da Tainara, da Eduarda e do Pablo. Um país que só será digno quando meninas e meninos como eles, atletas ou não, tiverem uma vida decente.
Na mesma edição está a reportagem sobre seis – seis! – meninos e adolescentes presos na Zona Sul do Rio. Todos são da mesma família, irmãos e primos e viviam de furtos, arrombavam carros, levavam CDs players. Haverá uns panacas que dirão bem-feito, destilarão teses sobre vocações criminosas. Eu prefiro me recolher na vergonha de viver numa sociedade que produziu uma situação como essa. A prisão desses jovens bandidos nos condena.