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O atletismo conta a nossa história na Terra


Por Fernando Molica em 19 de agosto de 2016 | Comentários (0)

Por mais que algumas disputas pareçam monótonas – exceções para casos como os raios de Usain Bolt e o salto do Thiago Braz -, ninguém tira do atletismo o posto de esporte mais nobre da Olimpíada. Isto, não apenas por tradição, mas por uma característica especial desse conjunto de práticas. Correr, saltar e arremessar são atividades básicas do ser humano, remetem às técnicas básicas que nossos antepassados tinham que dominar para conseguir sobreviver num mundo tão cheio de ameaças.

João Saldanha costumava atribuir a excelência dos corredores quenianos a uma espécie de seleção natural – afinal, dizia, os avôs deles tiveram que correr de leões para não morrer. A brincadeira faz um certo sentido – num mundo hoje cercado de aparatos tecnológicos, o atletismo nos remete às limitações humanas e à necessidade que temos de superá-las.

Era preciso não apenas fugir de leões, mas correr atrás da caça, pular obstáculos, saltar, arremessar pedras e lanças – aqueles que nos antecederam tiveram que usar armas primárias para vencer inimigos ou matar animais. As modalidades do atletismo nos fazem lembrar de quem somos, de onde viemos, ilustram a luta pela vida, o embate entre um esboço de civilização e as ameaças da natureza.

A pira olímpica – que, desta vez, foi exilada do Estádio Olímpico – completava esse simbolismo, traz o fogo, elemento essencial para a consolidação do domínio do ser humano no planeta.

As disputas travadas no Estádio Nilton Santos, o Engenhão, são muito menos lúdicas do que atividades apresentadas em outros espaços da Olimpíada. Perdem, em especial, dos esportes coletivos que, ao longo de até duas horas, proporcionam ao espectador ilimitadas alternativas e emoções.

Não dá para comparar a repetição de movimentos do atletismo com a plasticidade do basquete, com a beleza da ginástica artística, com a precisão tática do vôlei, com as variações proporcionadas por um jogo de futebol.

Mas todas essas atividades vieram depois, são ampliações dos recursos enfatizados no atletismo. Este privilegia o básico, o essencial; os outros esportes apontam para a criatividade, para o prazer, para o que somos capazes de elaborar. Como no ditado que fala do pulo do sapo, tratam de boniteza enquanto, nas pistas de atletismo, homens e mulheres nos lembram do que é preciso e necessário, ressaltam a nossa origem e a luta pela sobrevivência.

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