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O Barcelona e seus profissionais da bola


Por Fernando Molica em 21 de dezembro de 2011 | Comentários (0)

Coluna Estação Carioca, jornal O DIA, 21/12:

Os elogios ao Barcelona nem sempre ressaltam algo fundamental. Além de ter jogadores excepcionais e um esquema ousado e criativo, o time é resultado de muito trabalho. Se não fossem atletas, seus craques não conseguiriam correr daquele jeito, marcar o campo inteiro, se multiplicar pelo gramado. É comum ver Messi voltar até seu campo para cercar um adversário ou começar uma jogada.

Tanto fôlego é resultado de muita preparação física. Não acompanho o dia a dia do Barcelona, mas não me lembro de ter ouvido falar de algum jogador do atual elenco que tenha deixado de treinar por ter chegado tarde em casa. Não foi necessário criar por lá um Disque-Baixinho para controlar eventuais excessos noturnos do Messi. Na equipe catalã, ninguém acha que o talento livra qualquer jogador — qualquer um — de cumprir com seus deveres. Ninguém abandona treino ou desrespeita obrigações acertadas com o patrocinador. O profissionalismo tem duas mãos: por lá, todos recebem em dia.

Montar um esquema tático como aquele, baseado na constante movimentação e coordenação, também dá trabalho. É preciso estudar futebol, analisar equipes do passado, treinar de forma exaustiva todos aqueles craques. Mais que isso: é preciso convencê-los de que devem trabalhar para o time, que mesmo seus lances geniais estão subordinados ao objetivo da equipe. O encantador futebol do Barcelona não é feito para ressaltar a genialidade de ninguém — todos jogam para a equipe. Posso estar errado, mas a relação entre técnico e jogadores parece ser mais baseada no diálogo e na troca do que na subordinação e na submissão. Duvido que algum daqueles sujeitos chame o Guardiola de “professor”.

Antes de olharem para o campo e de se perguntarem o que podem fazer para melhorar seus times, dirigentes e técnicos brasileiros poderiam prestar mais atenção na estrutura de seus clubes, na administração amadora que predomina por aqui, nas complicadas relações com jogadores e empresários. Já seria um bom começo.

*

Semana passada, todos que amamos o Rio perdemos André Urani, ex-titular deste espaço às segundas-feiras. Economista, este carioca nascido em Turim enfrentou os pessimistas e apostou na capacidade da cidade de se reinventar. Fica, então, uma dica: na hora do sufoco, vale seguir a trilha do otimismo afetuoso e responsável aberta pelo grande Urani.

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