Obra de Julio Reis digitalizada
Por Fernando Molica em 20 de agosto de 2017 | Comentários (0)
Em 2012, cumpri um desejo de meu avo Frederico Mario dos Reis e doei para a Biblioteca Nacional todo o acervo de seu pai, meu bisavô, personagem principal do romance ‘O inventario de Julio Reis’, que eu acabara de lançar. O material incluía livros, recortes de jornais (JR também era critico musical) e, principalmente, partituras originais de óperas, serenatas, canções e poemas sinfônicos.
Na época, Elizete Higino, do setor de musica da BN, me disse que os manuscritos seriam digitalizados e disponibilizados no site da instituição. A promessa foi cumprida, aquelas partituras que meu avô guardava com tanto carinho – e que, por décadas, tentou fazer com que fossem executadas – podem ser alcançadas com alguns cliques, basta digitar o nome do compositor em http://acervo.bndigital.bn.br/sophia/index.html.
Por muitos anos, eu, que não sou musico, manuseei aquele material, folhas amareladas que traziam o resultado de tanto trabalho de meu bisavô, um funcionário publico que morreu pobre, frustrado por não ver cumprida a promessa de liberação da verba, aprovada pelo Senado, que permitiria a montagem de sua opera ‘Sóror Mariana’. Foi meu avô que me levou a concertos, graças a ele eu conheci um outro tipo de musica, sou muito grato a ele também por isso.
A publicação do livro permitiu que a obra de Julio Reis voltasse a circular. O pianista Joao Bittencourt gravou um CD dedicado ao compositor (pode ser ouvido e baixado aqui e apresentou o repertório em diversos recitais, o maestro Branco Bernardes incluiu ‘Vigília d’Armas’ no repertório de um concerto da Orquestra Sinfônica da UniRio, JR passou a ser citado em trabalhos acadêmicos, muitas de suas partituras editadas foram incluídas no Projeto Sesc Partituras. Agora, os manuscritos de 18 de suas criações podem ser consultados com facilidade no site da BN. Aqui, no meu site, há também partituras publicadas no início do século 20 – valsas, polcas, marzucas e tangos brasileiros, para piano e piano e flauta (entre elas, ‘Alvorada das rosas’, dedicada ao grande flautista Patápio Silva). Lá está também a versão revisada e digitalizada de ‘Vigília d’Armas’. Que sejam tocadas.