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Os olhos bem abertos da Justiça


Por Fernando Molica em 05 de maio de 2016 | Comentários (1)

A segunda instância do Judiciário fluminense transformou em prestação de serviços comunitários a pena do sujeito que fez pega num túnel interditado, atropelou e matou um jovem e, com a ajuda do pai, subornou PMs. Ele, fica a sugestão, bem que poderia prestar serviços comunitários a outros criminosos – poderá, por exemplo, ensiná-los a driblar a Justiça.

A Justiça paulista deixou que a mulher condenada por matar os pais possa comemorar nas ruas o Dia das Mães – como destacou o Meia Hora, é o caso de liberar o ex-goleiro Bruno no Dia dos Namorados.

E o ministro Teori, do STF, conclui, quase cinco meses depois do pedido de afastamento feito pelo Janot, que o Cunha é feio, bobo e cara de mamão. Conclusão sacramentada depois de o presidente da Câmara atuar de forma decisiva para derrubar a Dilma e garantir o aumento do Judiciário.

Por conta das sucessivas trapalhadas e roubalheiras promovidas por integrantes do Executivo e do Legislativo, tendemos a ser mais complacentes com o Judiciário, um poder que sabe cuidar de suas aparências, de seus rituais. É como se seus integrantes estivessem acima dos homens e mulheres comuns, como se aquelas capas pretas os preservassem os pecados e das tentações que nos cercam. A frase “A Justiça decidiu!” é sempre exclamativa, pronunciada em tom de verdade absoluta.

Besteira, trata-se do único poder constituído sem voto popular – basta passar num (difícil) concurso para o sujeito poder mandar prender e mandar soltar. Ainda muito jovens, os caras passam a ter poderes absurdos, e salários recheados de vantagens, de penduricalhos. A nomeação de desembargadores e de ministros de tribunais superiores é um processo tão político quanto qualquer outro, os candidatos são obrigados a fazer campanha eleitoral, a buscar votos entre aqueles que têm o poder de nomeá-los.

Fiscalizar o Judiciário é mais complicado. Ao contrário do que ocorre nos outros poderes, todos são do mesmo partido, uma lógica que favorece uma troca de favores que seria encarada de forma escandalosa se tivesse lugar no Executivo ou no Judiciário.

O Judiciário é tão político quanto o Executivo e o Legislativo. Só que exerce seu poder de maneira mais inteligente, e com os olhos bem abertos.

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Comentários
26 de maio de 2016

Prezado Fernando, lamento tomar conhecimento do teu Blog somente hoje 26/05/2016, através do Tijolaço. Serei leitor assíduo, prometo. Gostei muito. Abraço

luiz carlos