Os riscos do Sambódromo
Por Fernando Molica em 27 de fevereiro de 2017 | Comentários (0)
Estava no Setor 10, bem longe do local onde ocorreu o acidente com o carro da Tuiuti, mas já estive muitas e muitas vezes ali diante do Setor 1, acompanhei, dali, a entrada na Avenida de incontáveis escolas. Então, algumas observações.
1. O Sambódromo foi concebido por duas pessoas que jamais haviam estado num desfile, Oscar Niemeyer e Darcy Ribeiro. Tanto que, ao longo dos anos, a obra teve que sofrer diversas adaptações. É complicado aproximar as arquibancadas da Apoteose e remover aquele obstáculo, o ‘M’ gigante no fim da pista, mas dá pra ampliar o espaço, na esquina com a Presidente Vargas, que serve de entrada para os carros alegóricos. Talvez seja possível ‘morder’ um pedaço da arquibancada do Setor 1. Os carros ficaram grandes demais, a manobra de entrada, que implica numa curva de quase 90 graus, é absurda, quase impossível. É comum que alguns carros tenham dificuldades de entrar no Sambódromo, o que abre buracos na escola. Depois de feita a manobra, motoristas aceleram aqueles monstrengos para recuperar o tempo perdido, o que aumenta o risco de acidentes.
2. Tem gente demais na pista, e a concentração é muito maior ali no Setor 1 – a responsabilidade disso é da Liesa. Em tese, na pista deveriam ficar apenas as pessoas que desfilam.
3. Hoje de madrugada, o Aydano André Motta provocava: existe habilitação para motorista de carro alegórico? Carro alegórico não é caminhão, não é ônibus, frisava. Acrescento: é maior do que praticamente todos os veículos, tem formato irregular, é alto pacas, carrega muitas pessoas – centenas, até. A visibilidade do motorista é comprometida pela decoração da alegoria, o cara depende, muitas vezes, apenas das orientações de um sujeito que está na pista. Há bafômetro para motorista de carro alegórico?
4. Há normas técnicas para carros alegóricos, algum padrão que defina relações entre peso, altura, comprimento? Há definição de qual tem que ser a área de visão do motorista? Antigamente, os carros tinham que ser empurrados, hoje, podem ter motor. São, portanto, carros motorizados que circulam por uma via pública, a Marquês de Sapucaí. OK, não é necessário que os carros tenham placa.
5. Como ressaltou um mestre-sala, acho que da Tuiuti, essa história de pintar a pista de desfile é complicada. Carros são feitos para rodar no asfalto, que é poroso. A pintura torna o piso mais escorregadio, ainda mais sob chuva. Isso aumenta o risco de derrapagens de componentes e dos carros alegóricos.