Os sonhos que teimam
Por Fernando Molica em 30 de agosto de 2016 | Comentários (0)
Há muitos anos, uns 20 ou 30, fui parar no velório e no enterro do Glauber Rocha. Fazia então uns frilas pra um jornal de cinema (que nunca me pagou) e era, com sempre serei, amigo-irmão do Sérgio Costa, filho da Ieda, prima do maior dos nossos cineastas, um dos nossos grandes intérpretes e profetas.
E aí, no enterro, Darcy Ribeiro, que escrevia certo por linhas alucinadas e tortas, desandou a falar de Glauber e do Jango. Falou que Jango tinha sido derrubado por suas qualidades, e não por seus defeitos. E passou a bola para a Maria Lúcia Godoy cantar a ária das Bachianas Brasileiras No. 5, obra de Villa-Lobos, um de nossos hinos nacionais.
Hoje – ontem -, lembrei de Darcy, de Villa-Lobos (tão criticado por meu bisavô Julio Reis), de Glauber, do Sérgio (como você faz falta, irmão querido). Lembrei do Brasil que sempre desejei e que nunca consegui ter. Lembrei dos sonhos de um país melhor, mais carinhoso, fraterno, tolerante e, principalmente, mais justo.
Hoje, ontem, lembrei de todos os sonhos que teimam.