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Os tucanos e a pregação do golpe


Por Fernando Molica em 22 de dezembro de 2014 | Comentários (0)

Estação Carioca, O DIA, 03/11:

As principais lideranças do PSDB — entre elas, pessoas que foram punidas pela ditadura — deveriam se pronunciar imediatamente contra os insanos que pedem um golpe militar. Aécio Neves, Fernando Henrique Cardoso, José Serra, Aloysio Nunes Ferreira e tantos outros importantes homens públicos não podem ficar calados quando pessoas vão às ruas clamar pelo fim da democracia.

Nada indica que essas passeatas estejam sendo organizadas pelo PSDB, mas é razoável supor que, no segundo turno, os que delas participam votaram no Aécio Neves — o ‘Fora Dilma’ é o principal mote do movimento. Daí a importância de uma manifestação do ex-candidato à Presidência e de seus companheiros de partido.
É esquisito propor a saída de quem acabou de ser reeleita, não dá para se reivindicar impeachment com base numa acusação cujos termos são desconhecidos, o pedido de recontagem de votos feito por tucanos é difícil de ser justificado, parece choro de perdedor. Mas tudo isso se inclui na lógica da pressão sobre adversários, o PT também já gritou ‘Fora FHC’.
O absurdo é admitir, ainda que com o silêncio, que um bando de idiotas pregue a volta da ditadura. Cabe então aos caciques do PSDB dizer que, por mais que odeiem Dilma Rousseff e Lula, não compactuam com os que desejam o golpe — até porque muitos tucanos têm origem política na esquerda e poderiam voltar a ser perseguidos em uma nova ditadura (vice de Aécio, Ferreira chegou, a exemplo da presidenta, a integrar uma organização armada no auge do governo militar). Marina Silva também deveria dizer que não quer saber de pregações golpistas.
No mais, os que justificam a volta dos militares ao governo por conta do combate à corrupção deveriam se informar melhor. Ditaduras costumam ser muito boas para corruptos, que, assim, podem roubar sem medo da imprensa ou do sistema que envolve polícia, Ministério Público e Justiça.

Quem duvida disso deveria aproveitar as facilidades da internet e dar uma olhada na edição de 1º de agosto de 1976 do jornal ‘O Estado de S.Paulo’, que então publicou a célebre reportagem sobre as mordomias, que tratava da pra lá de doce vida dos superfuncionários federais.
Houve casos muito mais graves de corrupção durante a ditadura, mas os privilégios relatados na matéria são bem didáticos. O cardápio dos golpes, vale lembrar, também inclui censura, prisões arbitrárias, tortura e assassinatos. Não se faz passeata para se pedir o fim do direito de se fazer passeatas.

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