Perera em “O Popular”
Por Fernando Molica em 14 de junho de 2008 | Comentários (1)
O jornal “O Popular”, de Goiânia, publicou, nesta sexta, matéria sobre o desfecho do caso Expedito Perera. Aí vai ela:
Justiça reconhece morte do Chacal brasileiro
Com a decisão, foi emitida certidão de óbito, que permitirá à única filha do advogado e ex-preso político ter acesso a herança do pai
Marília Costa e Silva
A bailarina brasileira Teresa Cristina Perera finalmente conseguiu que a Justiça reconhecesse a morte de seu pai, o advogado gaúcho e ex-preso político Antônio Expedito Carvalho Perera, ocorrida em 1996, na Itália, segundo documentação apresentada pelo advogado Hugo Xavier da Costa. A notícia, que pôs fim a uma luta de 12 anos, veio da 1ª Vara de Família, Sucessão e Cível de Goiânia, que determinou, em abril passado a expedição do atestado de óbito, emitido no último dia 9.
A decisão judicial também reconheceu a dupla identidade Perera, que, ao fugir do Brasil para o exterior, no início dos anos 70, trocou de nome várias vezes, assumindo, entre elas, a identidade do psicanalista Paulo Parra.
A história de Perera, apelidado de Chacal brasileiro, revela a personalidade camaleônica de um homem que passou de defensor da extrema direita a militante de esquerda radical brasileira. Ele acabou preso e torturado durante a ditadura militar. Extraditado para o Chile, no grupo de 70 presos políticos soltos em troca da libertação do embaixador suíço no Brasil Giovani Enrico Bücher, Perera ganhou o mundo e acabou envolvendo-se com terroristas internacionais. Foi para não ser preso pela polícia internacional que ele assumiu a identidade de Paulo Parra, personagem que carregou até morrer de câncer, na Itália.
Procuração
Devido à fuga de Perera, a bailarina viu o pai pela última vez quando ela tinha apenas 8 anos. Antes de desaparecer, contudo, ele outorgou procuração ao pai, Firmino Fernandes Perera, para que cuidasse de todos os bens móveis e imóveis. Em 1973, Firmino substabeleceu a procuração para o seu genro, José Mentor, deputado federal pelo PT de São Paulo, para gerir o patrimônio do ex-preso político.
Quando deixou o País, os bens de Perera se resumiam a duas casas em bairro nobre de Porto Alegre. Além do patrimônio no Brasil, ele conseguiu acumular bens na Italia. Calcula-se que esse patrimônio chegue a US$ 10 milhões.
Com a decisão da justiça goiana, de acordo com Hugo Xavier, chega ao fim a disputa travada pelos bens de Perera entre a filha única do ex-preso político e os demais familiares do advogado, cuja história de vida foi retratada nas páginas do livro O Homem que Morreu Três Vezes, do jornalista Fernando Molica, da TV Globo. “Agora Teresa Cristina poderá abrir o inventário e tomar posse da herança deixada pelo pai”, diz.
Sempre gostei de obras literárias com cunho jornalístico, motivo esse que me levou a ler "o homem que morreu três vezes". Essa obra, como muitas outras que contam parte da história do Brasil no período do regime militar, deveria ser lida por todos, principalmente pelos jovens, que merecem conhecer a verdade dos fatos ocorridos naquela época ditatorial. A sua obra desvendou o mistério da vida e morte do terrorista Doutor Perera, apelidado por você de "Chacal Brasileiro"; a Justiça de Goiás, pelo trabalho do advogado Hugo Xavier da Costa, reconheceu que o Doutor Perera, em vida, assumira a identidade do Doutor Paulo Parra, de conseqüência declarou oficialmente a morte do Doutor Perera. Enfim, agora você já pode escrever o último capítulo de "o homem que morreu três vezes": a morte oficial do Doutor Perera.
José do Prado Ferraz