Pitacos eleitorais 19 – Na TV, a emoção ‘lulista’ de Freixo e o ‘RJMC’ de Crivella
Por Fernando Molica em 10 de outubro de 2016 | Comentários (0)
Em seu primeiro programa de TV no segundo turno, Marcelo Freixo bebeu na fonte que criou as vitoriosas campanhas de Lula. Jogou pesado na emoção, na ideia de mudança e procurou espantar o medo relacionado ao Psol.
Em 2010, o PT, numa resposta à atriz Regina Duarte, enfatizou que a esperança venceria o medo. Freixo, na TV, diz que o afeto, o amor e o respeito é que derrotarão o medo. E ainda frisou que política é “manifestação de amor” e “declaração de amor coletiva”.
O programa começou com imagens do dia da votação no primeiro turno, com o candidato falando de sua expectativa. Depois, mostrou cenas da comemoração na Lapa – no discurso editado para a TV, nada do grito de ‘Fora Temer’. Rubro-negro, Freixo foi mostrado parafraseando um mote tão citado por seus companheiros de torcida, aquela história do “deixaram chegar…”.
Para mostrar que por trás daquele cara sisudo existe alguém gente-como-a-gente, o programa mostrou fotos dos pais de Freixo, da mulher, dos filhos e até do cachorro. Em suas falas, o candidato abandonou o tom professoral do último debate, preferiu o tom da conversa, de longe, o mais adequado na TV.
Para rebater os que falam de inexperiência administrativa e afastar boatos sobre composição de secretariado, o programa usou outra sacada de antigos programas lulistas: apresentou um série de técnicos – entre eles, negros, mulheres e um ex-comandante da PM – que prometiam governador com Freixo. Para concluir, um clipão que, apoiado num belo jingle, trazia estrelas como Caetano, Chico, Fernanda Abreu, Sombrinha e imagens de crianças pobres, dançando felizes.
O programa de Marcelo Crivella foi bem mais contido. Num cenário muito parecido com o do RJTV, o candidato deu a palavra a jovens, alguns deles, moradores de favelas, que relataram seus problemas – camelô reclamou da Guarda Municipal, turismólogo criticou a falta de investimento no setor, profissional da moda pediu apoio para pessoas pobres que querem atuar no setor, estudante de engenharia contou que foi assaltada.
No ‘RJMC’, eles levantavam a bola para que o candidato concluísse, apresentasse soluções, tudo com o mote principal de sua campanha, o de que é preciso investir menos em obras e mais nas pessoas. Enquanto Freixo enfatiza o coletivo, Crivella foca no individual, na luta pela ascensão, no empreendedorismo, na lógica do subir na vida com estudo e trabalho.
Líder, com sobras, na pesquisa Datafolha, o candidato do PRB procurou tocar a bola para o lado, fazer um programa mais sóbrio, apresentar propostas. O choque de emoção apresentado por Freixo deverá fazer com que os próximos programas de Crivella sejam menos frios. A conferir.