Pitacos eleitorais 8 – Freixo ameaçado, Crivella cresce entre os que o rejeitavam
Por Fernando Molica em 15 de setembro de 2016 | Comentários (0)
A nova pesquisa Ibope reforça a tendência de crescimento de Pedro Paulo (PMDB) e de Jandira Feghali (PCdoB), confirma a situação delicada de Marcelo Freixo (Psol), mostra que Indio da Costa (PSD) ganha consistência e, mais importante, revela que não vai ser fácil derrubar Marcelo Crivella (PRB) no segundo turno. A tendência, que, claro, pode ser mudada, indica que Jandira e Pedro Paulo têm mais chances de disputar a segunda vaga no mata-mata final.
Por partes: o maior problema de Freixo, que caiu de 12% para 9% nas intenções de voto em relação à pesquisa divulgada no mês passado, está entre os cidadãos de renda e escolaridade baixas, o que complica muito sua vida. A amostragem do Ibope, que procura reproduzir a composição do eleitorado, diz que 69% dos entrevistados cursaram até o Ensino Médio; 70% têm renda familiar de até cinco salários mínimos. Nestas faixas, Jandira e Pedro Paulo têm, de um modo geral, rendimento superior ao do candidato do Psol.
Entre os eleitores que cursaram até o quarto ano do Ensino Fundamental, Freixo cresceu de 1% para 4%. Mas Jandira pulou de 7% para 13%. Nesta faixa, Pedro Paulo oscilou de 10% para 11%, mas, na seguinte, eleitores que concluíram do 5o. ao 8o. anos, o peemedebista saltou de 6% para 15%; Jandira saiu de 6% para 8% e Freixo caiu de 8% para 2%. Indio, aí, subiu quatro pontos, de 3% para 7%.
Freixo, que sofre com o pouco tempo de TV, e Jandira, que tem direito ao horário do aliado PT, trocaram de posições entre os eleitores que cursaram o Ensino Médio. Ele tinha 11% e passou para 6%; com ela ocorreu o oposto. Pedro Paulo tinha 5% e ficou com 9% neste segmento, que concentra 43% dos eleitores.
Entre os eleitores com renda de até um salário mínimo, Freixo caiu de 7% para 4%, Jandira dobrou suas intenções de voto, de 6% para 12% e Pedro Paulo perdeu quatro pontos, de 10% passou para 6%. Na faixa seguinte, de um a dois salários mínimos, Freixo voltou a cair ( de 11% para 5%), Jandira subiu dois pontos (de 8% para 10%) e Pedro Paulo saiu de 6% para 11%. Nestas duas faixas estão 40% dos eleitores.
A situação do candidato do Psol entre os jovens também piorou muito: entre os eleitores de 16 a 24 anos, ele despencou de 22% para 12%, Jandira e Pedro Paulo tiveram altas discretas, de 5% para 7%. O destaque nesta faixa é Indio, que parece ter despertado entusiasmo num setor mais conservador da juventude – pulou de 3% para 11%.
O piripaque sofrido por Flavio Bolsonaro (PSC) no debate da Band parece ter decepcionado muitos de seus entusiastas, ele cai em praticamente todos os segmentos – entre os homens, saiu de 16% para 10%.
Para Crivella, só notícias boas. Além de suas intenções de voto terem passado de 27% para 31%, ele cresceu em setores que, historicamente, rejeitam suas disputas a cargos majoritários. Entre os eleitores com curso superior, ele passou de 14% para 20% – Freixo oscilou de 18% para 19% e Jandira caiu de 7% para 4%.
Na faixa de renda mais alta, o candidato do PRB passou de 12% para 17% e ficou em empate técnico com o adversário do Psol, que foi de 20% para 18%. Além disso, o índice de rejeição de Crivella caiu de 35% para 24%, o que aumenta suas chances no segundo turno.
A pesquisa mostra que Pedro Paulo faz bem em tentar grudar sua imagem com a de Eduardo Paes, pelo menos neste primeiro turno. Apesar de 56% reprovarem a atual administração, 40% dizem aprová-la, um percentual bem maior do que o de intenções de voto do peemedebista (numa pergunta mais ampla, 27% disseram que o governo Paes é ótimo/bom; 34% afirmaram que é ruim ou péssimo. O índice de regular ficou em 34%).
Pedro Paulo, porém, parece ainda sofrer com a acusação de ter agredido a ex-mulher, arquivada pela Justiça: entre os homens, têm 11% das intenções de voto, índice que cai para 7% no eleitorado feminino.