Pitacos municipais 1 – Crivella quer Pedro Paulo
Por Fernando Molica em 11 de agosto de 2016 | Comentários (1)
O segundo turno já começou para Marcelo Crivella (PRB), líder de todas as pesquisas de intenção de voto para a disputa da Prefeitura do Rio. O discurso do senador na convenção que confirmou sua candidatura revela que ele decidiu partir logo para a briga, abriu mão de uma postura mais conciliadora e tenta assumir o protagonismo da oposição a Eduardo Paes (PMDB).
Os tiros verbais disparados na direção de Pedro Paulo (“Bater na trave não é vergonha, vergonha é bater em mulher”) mostram que Crivella elegeu o peemedebista como seu adversário preferencial, o nome que prefere enfrentar na etapa final da disputa. Pedro Paulo, afinal, pode chegar ao segundo turno com uma rejeição maior do aquela que costuma acompanhar o senador do PRB – sua ligação com a Igreja Universal do Reino de Deus é um prato sempre pronto para ser requentado por seus oponentes.
Além de enfrentar a acusação de ter agredido a ex-mulher, Pedro Paulo terá contra si as críticas à atual gestão e é filiado a um partido muito enrolado na Lava Jato – investigações e delações premiadas apontam para a participação de nomes importantes do PMDB-RJ na roubalheira. Na convenção, Crivella não perdeu a chance de levantar o tema, chamou o PMDB-RJ de “a classe dirigente mais corrupta e decadente do Brasil”.
Os ataques ao partido que administra o estado e o município começaram há mais tempo – há meses que a TV Record e o jornal ‘Folha Universal’, ligados à Igreja Universal, trazem reportagens que tratam de supostas irregularidades nos dois governos.
O embate direto com o candidato de Paes daria também a Crivella a chance de buscar unir, em torno de seu nome, a oposição ao atual prefeito. Na tentativa de se mostrar oposicionista, Crivella poderá alegar que, ao contrário de Carlos Roberto Osorio (PSDB), Jandira Feghali (PCdoB) e Indio da Costa (PSD), nunca participou diretamente da administração Paes – o PRB, porém, chegou a comandar a secretaria municipal de Abastecimento até o fim do ano passado. O PT, que fechou com Jandira, ocupou diversas secretarias no governo Paes – o atual vice-prefeito, Adilson Pires, é filiado ao partido.
No fim das contas, Crivella quer enfrentar Pedro Paulo que, por apostar na vinculação do senador com a Universal, também vê nele um bom adversário para o segundo turno. Aos demais candidatos cabe a tarefa de tentar encarnar a possibilidade de uma terceira via, tarefa tornada difícil pelo pouco tempo de campanha e pela proibição de doações por parte de empresas.
Ótima iniciativa do blog. Leitura obrigatória no dia a dia.
Paulo Cappelli