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Pitacos municipais 2 – Oposição se divide e ajuda Pedro Paulo


Por Fernando Molica em 15 de agosto de 2016 | Comentários (0)

Candidatos de oposição ao cargo de prefeito do Rio parecem ter combinado entre si um jeito de ajudar o adversário comum, o deputado federal Pedro Paulo Carvalho Teixeira (PMDB), indicado por Eduardo Paes. A pulverização de candidaturas e a desistência de Romário (PSB) – ele deve ter sentido algo semelhante à velha e providencial fisgada na coxa de seus tempos de jogador – facilitaram a vida do peemedebista.

Além de Marcelo Crivella (PRB), favorito para conquistar uma das vagas do segundo turno, outros seis candidatos oposicionistas entraram na disputa. O complô informal para favorecer Pedro Paulo é efetivo até no aspecto ideológico, já que os oposicionistas conseguiram dar um jeito de deixar o peemedebista bem no centro, entre os dois extremos.

De um lado estão Marcelo Freixo (Psol), Jandira Feghali (PCdoB/PT) e Alessandro Molon; do outro, Carlos Roberto Osorio (PSDB), Indio da Costa (PSD) e Flavio Bolsonaro (PSC): à esquerda e à direita, três candidatos brigarão pela hegemonia dentro de seu campo ideológico, todos tentando tomar os votos dos outros, todos colaborando para dispersar os eleitores de cada lado.

A disparada inicial de Crivella também dificulta a vida desses concorrentes, já que o senador do PRB também se coloca como adversário da administração Paes. Os outros seis terão que convencer o eleitor que será melhor levar um segundo oposicionista para a decisão.

Pedro Paulo terá que enfrentar acusações de sete adversários, vai apanhar muito, mas correrá sozinho na condição de herdeiro de uma administração que, com todos os seus problemas, exibirá o provável saldo positivo da Olimpíada e uma série significativa de transformações urbanas.

Embora alvejado pela acusação de agressões à ex-mulher e prejudicado pela crise no Estado – também administrado pelo PMDB – , o indicado por Paes conta com a força das máquinas eleitorais do partido e da prefeitura.

Em 2008, Fernando Gabeira (PV) chegou ao segundo turno da disputa pela prefeitura com 25,61% dos votos. É provável que, por conta do favoritismo de Crivella e da pulverização dos outros votos de oposição, o percentual necessário para se chegar à fase final seja, desta vez, inferior ao registrado naquela disputa.

É razoável supor que o candidato da situação consiga, pelo menos, cerca 20% dos votos válidos numa eleição que – noves fora o impeachment de Dilma e a acusação que pesa sobre Pedro Paulo – vai, principalmente, julgar a administração municipal. O cidadão, tão disperso, e mesmo irresponsável, na escolha de candidatos a vereador e deputado, tende a ser pragmático ao definir seu voto para cargos executivos, a avaliar se sua vida, no caso a sua vida na cidade, piorou ou melhorou.

Há sempre a possibilidade de eleitores da oposição, diante da evolução das pesquisas, optarem pelo chamado voto útil. Trocariam assim um candidato do coração por um outro, do mesmo campo ideológico, que se mostre mais viável. Mas a campanha curta, serão apenas 35 dias de TV, tende a diminuir o espaço para esse tipo de decisão.

Por último: ao contrário do que foi registrado em outras eleições, todos os seis – sete, se Crivella entrar na conta – representam correntes definidas, nenhum deles pode entrar na categoria de folclórico ou de nanico. Muitos de seus partidos disputam 2016 de olho na formação de bases para 2018. É improvável, portanto, que algum desses seis candidatos abra mão de sua candidatura. A ajuda a Pedro Paulo deverá ser mantida até o fim.

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