WWW.FERNANDOMOLICA.COM.BR

Blog

PONTOS DE PARTIDA, O BLOG DO MOLICA

Pitacos Municipais 21 – A dança ideológica de Crivella e Freixo


Por Fernando Molica em 24 de outubro de 2016 | Comentários (1)

Com sua carta ‘Compromisso com o Rio’, antecipada pelo Lauro Jardim, no Globo, versão carioca da ‘Carta aos brasileiros’ de Lula, Marcelo Freixo ( Psol) faz, enfim, um movimento na direção do centro, essencial para quem disputa uma eleição majoritária.

No primeiro turno, os quatro candidatos de esquerda tiveram apenas 23,22% dos votos válidos; os adversários à direita, sem contar Marcelo Crivella (PRB), receberam 49%.

Herdeiro preferencial dos votos conservadores segundo a primeira pesquisa Ibope do segundo turno, Crivella fez um movimento oposto. Acossado pela divulgação do que escreveu, falou, compôs, cantou e fez no passado, o candidato tenta um salto duplo: ao mesmo tempo em que reforça um discurso inclusivo e não preconceituoso, ele dá uma guinada à direita e procura surfar no anticomunismo – colocou na TV um discurso em que um ex-candidato à Presidência pelo PCB (partido aliado de Freixo) recita um poema de Brecht que acena com balas, covas e paredão. É como se dissesse que, apesar de tudo, ele representa uma alternativa mais segura do que seu adversário.

A mudança de Crivella contrasta com o esforço que, nos últimos anos, ele vinha fazendo para tentar se livrar da imagem conservadora. Em 2007, em discurso no Senado em homenagem ao aniversário do PCdoB, Crivella chegou a afirma que não havia “cartilha alguma mais comunista que o Evangelho”. Freixo também se viu obrigado a abandonar o radicalismo de sua atuação política, afinou o discurso contra os black blocs e,agora, fala em “atuar de forma ética e equilibrada junto ao setor privado.”

O freio de arrumação ideológico na campanha carioca demorou a chegar, reflexo talvez da confusão em que se transformou o primeiro turno. Disparado na liderança e beneficiado pela base evangélica, Crivella procurou ficar acima da polarização direita-esquerda. Prejudicado pela suspeita de ter agredido a ex-mulher – arquivada pelo STF -, Pedro Paulo (PMDB) não conseguiu fazer de sua candidatura uma alternativa para o eleitor que não se vê em nenhum dos extremos. O peso da acusação impediu também que o governo Eduardo Paes fosse julgado. As urnas revelaram que o voto conservador – majoritário em 2016 no Rio – acabou pulverizado, o que viabilizou a ida de Freixo para o segundo turno.

Representantes de forças políticas que nunca foram hegemônicas na cidade ou no estado, Crivella e Freixo acabaram cedendo às circunstâncias e trataram de adaptar suas falas em pleno mata-mata. Sabem que boa parte dos eleitores não votará a favor de um deles, mas contra a possibilidade de o outro ser vencedor (no primeiro turno, os votos válidos, somados, dos representantes do PRB e do Psol chegaram a 46,04%, menos da metade dos eleitores que escolheram um candidato).

DEIXE SEU COMENTÁRIO

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Comentários
25 de outubro de 2016

Crivella já está na política há mais de quinze anos e nunca misturou política com religião. Pq ele faria isso agora? Parem de julgar o cara e aceitem que ele é o melhor pro Rio.

Madalena Amorim