Pitacos municipais 23 – A elite nem-nem
Por Fernando Molica em 26 de outubro de 2016 | Comentários (0)
O tiroteio virtual entre as campanhas de Crivella (PRB) e Freixo (Psol) parece ter atingido, principalmente, os eleitores de renda mais alta que, no primeiro turno, votaram em Carlos Osorio (PSDB) e Indio da Costa (PSD). Os dois candidatos tiveram mais votos em áreas nobres da Zona Sul.
Seus eleitores formam o principal contingente dos nem-nem, aqueles que, entre Crivella e Freixo, preferem o voto branco ou nulo. Entre os que no primeiro turno optaram por Osorio, 38% disseram que não votarão em nenhum dos dois que foram para o mata-mata. O percentual chega a 33% entre os cidadãos que haviam escolhido Indio. No dado geral da pesquisa, o índice de intenções de nulos/brancos é de 19%.
Entre os eleitores com renda familiar acima de dez salários mínimos, a única em que Freixo bate Crivella (38% a 35%), a intenção de não-voto chega a 24%. Entre os mais pobres, onde o candidato do PRB goleia de 57% a 17% o do Psol, os nulos e brancos ficam em 12%.
Pelo que indica a pesquisa, muitos eleitores, especialmente os mais ricos, parecem cansados de denúncias e carentes de esperança. Piscar o olho para quem gosta de votar com mais amor do que ódio parece ser o grande desafio neste finalzinho de campanha.
Outro viés curioso é a comprovação daquela história de irmão votar em irmão. Entre os evangélicos pentecostais, 79% ficam com Crivella e apenas 8% com Freixo; entre os evangélicos não pentecostais, a diferença é menor, mas bem ampla: 70% a 12%. Pela amostragem do Datafolha, os dois grupos representam 33% do eleitorado.
Católicos, de acordo com os critérios do instituto, são 40% dos eleitores – e, entre eles, a divisão é grande: Crivella tem 33% e, Freixo, 32%. Pelo jeito, a indignação com atos de Crivella – música em que ironiza o chute em imagem de Nossa Senhora Aparecida e com a afirmação de que a Igreja Católica é demoníaca – não foi suficiente para superar o temor inspirado pela candidatura de Freixo.