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Pitacos municipais 7 – O Marcelo dos ricos e o dos umbandistas


Por Fernando Molica em 14 de setembro de 2016 | Comentários (0)

A última pesquisa Datafolha, indica que, entre os dois Marcelos candidatos à prefeitura do Rio, um é o favorito entre os mais ricos; o outro lidera entre os umbandistas. Quem são? Freixo, o Marcelo do Psol, é o que tem mais intenções de voto – 20% – entre eleitores com renda familiar superior a dez salários mínimos; já Crivella, do PRB e bispo licenciado da Igreja Universal, líder da pesquisa com 29% das intenções de voto, é o preferido dos umbandistas: tem 15% entre esse grupo, contra 13% de Jandira Feghali (PCdoB) e 10% de Freixo.

Os detalhes da pesquisa reforçam que, na cabeça do eleitor, a soma de dois mais dois nem sempre dá quatro. Conceitos como direita e esquerda, relevantes para uma parcela de cidadãos, acabam diluídos – o que vale mais é a percepção de como cada um vê e avalia os candidatos.

Indicado por Eduardo Paes, Pedro Paulo (PMDB) insiste que a atual administração priorizou obras para os mais pobres. Mas, segundo o Datafolha, ele é aquele que, segundo os eleitores, mais defenderá os ricos caso seja eleito – 19% de indicações contra 11% de Bolsonaro.

Os dados mostram que a liderança do segundo lugar mantida por Freixo corre muito risco. Ao contrário de adversários diretos, Jandira e Pedro Paulo, ele não cresceu em relação à pesquisa anterior, manteve os mesmos 11% (Jandira oscilou de 7% para 8% e Pedro Paulo subiu de 5% para 8%). Ao rejeitar uma aliança com o PT (corroído por escândalos e, até outro dia, aliado de Paes) o Psol reforçou seus princípios, mas deixou seu candidato com pouquíssimo tempo de TV.

Na pesquisa anterior, Pedro Paulo era conhecido por 66% dos eleitores, nesta, pulou para 78%. Freixo ficou empacado, era e é conhecido pelos mesmos 78%. Jandira, que disputa com o candidato do Psol o voto da esquerda, é conhecida por 91% dos eleitores.

Freixo é atacado em duas frentes. Por um lado, enfrenta Pedro Paulo, apoiado por uma boa campanha na TV e pelas máquinas da prefeitura e do PMDB. Um candidato que é apresentado como o principal gestor da administração Paes mas que, ao mesmo tempo, tem que rebolar para convencer o eleitor que não tem nada a ver com o PMDB que afundou o estado.

A possibilidade de crescimento de Jandira não pode ser desprezada. Aliada ao PT, ela assumiu o discurso de que DIlma Rousseff sofreu um golpe e se apresenta como a principal alternativa de oposição a Michel Temer – aposta que, até o início de outubro, o desgaste do peemedebista só vai aumentar e se posiciona para receber o voto de protesto.

Há 30 anos na política, Jandira tem muito mais intenções de voto que Freixo entre os eleitores mais pobres e menos instruídos. Dos que têm apenas Ensino Fundamental, 11% ficam com ela, contra 6% dos que preferem Freixo (Crivella tem 40%, Pedro Paulo, 9%).

Entre os que recebem até dois salários mínimos, Jandira é a preferida de 10%, contra 6% de Freixo (Crivella, 37% e Pedro Paulo, 9%). O candidato do Psol supera de longe a do PCdo B entre cidadãos com nivel superior (21% a 7%) e com renda superior a dez salários mínimos (20% a 9%) – o problema é que esses segmentos são minoritários na sociedade carioca.

Outro ponto importante que pode revelar uma tendência. Em relação à última pesquisa, o apoio a Freixo entre eleitores com escolaridade superior caiu (era de 25%), já a preferência por Jandira subiu (era de 5%).

A pequena diferença de intenções de voto entre Freixo e Jandira dificulta também que eleitores de esquerda optem pelo voto útil, uma indecisão que tem tudo para asfaltar o caminho de Pedro Paulo na direção do segundo turno.

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