Subúrbio e ditadura em ‘Elefantes no céu de Piedade’ segundo Thaís Velloso
Por Fernando Molica em 24 de outubro de 2021 | Comentários (0)
No blog Além de Machado, Thais Velloso faz uma bela e original leitura de ‘Elefantes no céu de Piedade’.
Destaca a pouca oferta de romances passados em subúrbios de nossas grandes cidades um viés suburbano e ressalta temas relacionados à memória da ditadura citados pela escritora e crítica argentina Beatriz Sarlo.
Dois trechos:
“Quando criança, andava pelas ruas de Piedade sem imaginar que seus nomes poderiam ser mencionados em uma obra de ficção. No colégio, eu e meus amigos estávamos lendo, para a prova do bimestre, um livro que falava da Delfim Moreira, da Ataulfo de Paiva, de jovens, bem mais velhos que nós, andando de bicicleta pelo Leblon. Aquele cenário era muito diferente da minha realidade, e o protagonismo do bairro da Zona Sul na narrativa significava para mim que a Avenida Suburbana não tinha importância alguma em comparação com a Delfim Moreira. Eu, uma criança do subúrbio, estudando em um colégio da Zona Norte com um livro que discorria apenas sobre o Leblon, constatava que “o mundo passava longe de Piedade”, como diz o narrador do romance de Fernando Molica.”
“(…) ‘Elefantes no céu de Piedade’, ao abordar a perspectiva de uma família de classe média do subúrbio carioca a respeito da ditadura brasileira, nos faz refletir sobre a construção dessa memória coletiva e, ao mesmo tempo, salienta como é importante conhecer a história, esta escrita com inicial maiúscula, para termos consciência do significado de ‘nunca mais’.”