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Tu e você


Por Fernando Molica em 17 de julho de 2008 | Comentários (2)

Sempre achei meio esquisita essa diferenciação que fazemos ao nos dirigimos a outras pessoas: dependendo da idade e da situação social do interlocutor usamos o “senhor/senhora” ou, simplesmente, o “você” (ainda que ultimamente, pelo menos aqui no Rio, o “você” tem sido substituído pelo “tu”, mesmo com o verbo na terceira pessoa).

Mas fiquemos no “senhor/senhora” e no “você”. É algo que revela muito de nossa sociedade. Por definição, o porteiro chama o proprietário de “senhor” e é por ele tratado por “você” – mesmo que o funcionário do prédio seja mais velho que o dono do apartamento. Da mesma forma, tendemos a chamar o médico de “senhor”. O mesmo vale para os entrevistados – a menos que eles sejam artistas ou atletas. Tanto que, na prática, o “senhor” virou um pronome pessoal, de tratamento.

Em inglês, o “you” resolve qualquer parada. Em francês é um pouco mais complexo, claro: usa-se o “vous” e o “tu” dependendo do grau de intimidade que se tem com o interlocutor. Eu precisei voltar a Portugal para descobrir que, por lá, eles também usam a mesma diferenciação: “você” (que vem de “vossemecê”/”vosmecê” – “vossa mercê”) para pessoas não-íntimas e “tu” para amigos, mulheres, maridos, filhos.

Claro que não se muda uso da língua por decreto – a não ser, claro, em situações revolucionárias, “cidadão Fulano”, “camarada Beltrano”. Mas não deixa de ser uma pena que não tenhamos transposto para cá essa prática lusa.

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Comentários
21 de julho de 2008

Eu, Fernando, gosto muito do 'tu'. Mas, em geral, chamo todos de 'você', mesmo. 'Senhor' fica muito formal, só para pessoas de muito idade... Abraços, Leandro

Leandro
17 de julho de 2008

Aqui em casa, o "senhor" é usado para os porteiros como o seu Nei, o seu Raimundo e o seu Moisés, que já são mais velhos. Essa coisa de respeitar os cabelos brancos é uma mania que nem eu nem a digníssima abrimos mão. Abraços!

Diego Moreira