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Uh, El Loco!


Por Fernando Molica em 17 de outubro de 2011 | Comentários (1)

No dia 3 de janeiro do ano passado, coloquei aqui no blog um breve post sobre a anunciada vinda de Loco Abreu para o Botafogo. Nunca tinha ouvido falar no sujeito, mas fui dar uma pesquisada e gostei do que encontrei. No seu site, vi frases como “…la receta para ganarlos es 70% fútbol y 30% huevos”; “…sólo con un balazo me sacan de un clásico”. No fim do post, arrisquei: “Bem, depois de tanto tempo de tristeza, de timidez e – mesmo – de medo de ganhar, não deixa de ser interessante contratar um sujeito assim.”

Não é que deu certo? Com o Loco, conseguimos ser campeões cariocas, ganhamos uma final contra o mesmo Flamengo que, nos três anos anteriores, nos roubara o título. Além de ser um ótimo atacante, Loco devolveu orgulho e marra ao Botafogo; com ele, deixamos de nos apavorarmos diante da perspectiva da vitória. Não se trata de um jogador que prima pela técnica, mas é inteligente, oportunista, se coloca muito bem em campo e é capaz de lances espetaculares, como o gol contra o Santos, no ano passado. Isso, claro, sem falar na inacreditável cavadinha eternizada no campeonato de 2010. A importância dele é evidente: a campanha do Botafogo no Brasileiro melhorou muito depois que Loco foi integrado ao time.

Loco também contribui para mudar chavões relacionados a jogadores de futebol. Deixou evidente sua divergência em relação à retranca imposta por Joel Santana, não se sente obrigado a ser simpático com jornalistas (é antológica a cena em que ele parou de dar entrevista ao repórter que falava ao celular com a namorada), é capaz até de criticar o estado do campo do Engenhão, casa do Botafogo (após o jogo contra o Corinthians, elogiou o gramado do Pacaembu). Pode ser até que ele seja religioso, mas, até agora, não misturou sua fé com o futebol, não colocou Deus em campo – outro golaço do uruguaio (acho que Deus tem mais o que fazer do que se preocupar com 22 sujeitos correndo atrás de uma bola).

A presença de Loco fez com que muitos alvinegros – eu, entre eles – tenhamos torcido pelo Uruguai na Copa (o mau humor do bedel Dunga colaborou para a minha decisão). O Uruguai tinha um pouco a ver com o Botafogo. Foi uma grande potência do futebol e passava por tempos difíceis. Isto certamente ajudou na identificação, costurada por aquele louco que ousou repetir a cavadinha numa decisão de pênaltis em plena Copa do Mundo.

Ele também não criou problemas quando chegou a ser reserva do Botafogo. “Desde que retornei ao Botafogo, o time voltou a vencer. Me sinto importante no dia-a-dia, jogando ou não. Voltei, a equipe começou a ganhar jogos, saiu da zona de rebaixamento e está no G-4. É importante e muito bom ter uma mentalidade de grupo, não individual” (pesquei esta declaração, de agosto de 2010, no Terra).

Em quase dois anos no Rio, nosso atacante não se envolveu em nenhum problema fora de campo. Claro que ele teria o direito de sair à noite, de se divertir. Mas ele, pelo visto, prefere preservar sua vida privada. Este comportamento deve ajudar na manutenção de sua forma. Aos 35 anos, corre o tempo todo – ontem, no jogo contra o Atlético Paranaense, ele voltou a ajudar a defesa por diversas vezes. Jogar futebol, afinal, é sua profissão.

No ano passado, Loco disse que aceitou vir para o Botafogo por saber que o time passava por uma crise. Afirmou então que gostava de desafios. Bem, o maior de todos – o Campeonato Brasileiro – está pronto para ser conquistado. É o que falta para Loco Abreu, nosso camisa 13, nosso futuro técnico, virar um ídolo definitivo no Botafogo. Ah, todo este texto é porque hoje, dia 17 de outubro, Loco faz 35 anos. Parabéns para ele, parabéns para nosostros. Uh, El Loco!

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Comentários
17 de outubro de 2011

Perfeito! Em dias de craques tão bocós, bobalhões, sem personalidade, Loco Abreu é um bálsamo. Toda a saúde e muitos anos ao querido jogador. Loco e Botafogo = "nosso amor é água de chuva no mar..... no mar!" Pura harmonia! Encaixou de um tal jeito!

Olga