Yevtushenko e o sapoti afrodisíaco de Brizola
Por Fernando Molica em 02 de abril de 2017 | Comentários (0)
Acabei de saber da morte, aos 85 anos, do poeta russo Evgueni Yevtushenko. Em 1987, ele veio ao Rio durante o Carnaval, e foi levado pelo Brizola, então governador do Rio, para ver os desfiles no Sambódromo.
Eu estava ao lado da dupla durante a apresentação da Estácio, que apresentou um enredo que tratava do sapoti, aquela simpática fruta cujo sabor tinha ganhara, no mercado, o nome de tutti-frutti: “Isso virou tutti-frutti/ Tutti-multinacional/ Virou goma de mascar/ Roda pra lá e pra cá/ Na boca do pessoal”, dizia o samba.
Para ressaltar as qualidades do sapoti, componentes da escola distribuíam sachês com a fragância característica do fruto – um dos saquinhos foi parar nas mãos do poeta. Sem saber o que fazer com aquele negócio, Yevtushenko pediu ajuda ao Brizola que, com o auxílio do tradutor, declarou: “Diz pra ele que o perfume é afrodisíaco!”
Naqueles tempos pré-viagra, ao ouvir o comentário do governador, o respeitável homem de letras não vacilou e ali mesmo, na frente de todo mundo, e diante daquele memorável desfile de corpos, enfiou o nariz no sachê e tratou de dar uma bela, longa e esperançosa cafungada.